Orientador: Prof(a). Dr(a). Karen Sampaio Braga Alonso
Páginas: 122
Resumo
A Gramática de Construção Diasistemática (Höder, 2014; Hilpert, 2019; Höder, Prentice & Tingsell, 2020), enquanto modelo construcionista baseado no uso, está alinhada às seguintes premissas epistemológicas: (i) o uso é constitutivo da representação linguística; (ii) temos uma cognição não modular que media as representações complexas de nossa experiência e as simboliza em nosso espaço cognitivo conceitual hiperdimensional (Goldberg, 2019); e (iii) o resultado dessa dinâmica cognitiva para a linguagem são as construções linguísticas: pareamentos de forma e sentido que abrangem informações linguísticas conceptualizadas a partir da experiência (cf. Goldberg, 2003; Langacker, 2009). A GCD prevê que o aparato cognitivo mencionado acima opera da mesma forma tanto em realidades monolíngues quanto em contextos multilíngues. Como consequência desta previsão, quando determinados sistemas linguísticos estão em contato, eles são representados em uma única rede de unidades simbólicas inter-relacionadas: o constructicon multilíngue (cf. Freitas Jr et al, 2021; Höder, 2012). Tendo em mente a interface entre o contexto do português brasileiro como língua materna (Pt-Br/L1) e do Inglês como língua adicional (ILA), nosso objetivo é entender melhor se, em um contexto de ILA, o uso, pelos falantes, das construções binominais possessivas em competição é convergente com a distribuição dessas mesmas construções no comportamento convencional do falante nativo. Para estabelecer esta comparação, analisamos os critérios norteadores desta alternância, provisionados por Stefanowitsch (2020): animacidade, tamanho e status informacional. Operacionalizamos definições metodologicamente aplicáveis para esses critérios e compilamos textos acadêmicos em Inglês, escritos por alunos do curso de Letras – Português/Inglês da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e identificamos todas as ocorrências dessas construções em competição. Em seguida, anotamos essas ocorrências de acordo com as três definições operacionalizadas dos critérios mencionados anteriormente para verificar se o comportamento distribucional em ILA seria convergente com práticas convencionais de falantes nativos. Com os dados anotados em mãos, realizamos uma análise distribucional, com base na relação entre as frequências esperadas e observadas (respectivamente, FE e FO) e, em seguida, realizamos uma análise probabilística, ou seja, uma regressão logística binomial, para medir a probabilidade estatística desses critérios serem reguladores reais dessa alternância. Nossos dados indicam que o comportamento de distribuição do ILA é empiricamente convergente com as tendências dos falantes nativos, em diferentes graus, para todos os critérios. Entretanto, essas tendências convergentes são estatisticamente relevantes apenas no caso de tamanho. Em seguida, problematizamos como o número de ocorrências em nosso banco de dados pode afetar essa (não) relevância estatística de todos os três critérios e também interpretamos os resultados probabilísticos correlacionados à frequência bruta e orientados pelo paradigma teórico da Gramática de Construções Baseada no Uso, do qual o DCG é uma parte constitutiva (cf. Langacker, 2008; Diesel, 2019).
Palavras-chave: gramática de construções; possessivas binominais; distribuição construcional; contato linguístico