Uso variável da concordância verbal de primeira pessoa do plural no Maranhão

Orientador: Prof(a). Dr(a). Maria Cecilia de Magalhães Mollica

Coorientador: Prof(a). Dr(a). Hadinei Ribeiro Batista


Páginas: 228

Resumo

Esta pesquisa tem como objetivo analisar a concordância verbal de primeira pessoa do plural
em duas comunidades maranhenses – São Luís e Barra do Corda –, buscando identificar os
fatores linguísticos e extralinguísticos que condicionam a variação. A fundamentação teórica
baseia-se nos pressupostos da Teoria da Variação e Mudança, conforme proposta por
Weinreich, Labov e Herzog (1968) e consolidada por Labov (1972), incorporando também as
contribuições de estudiosos da sociolinguística, como Bortoni-Ricardo (1985), Scherre (1998)
e Mollica (2017), bem como de pesquisadores que abordam o uso do pronome pessoal no
Português Brasileiro, como Omena (1986), Lopes (1993), Rubio (2012), entre outros. O corpus
da pesquisa é composto por 16 entrevistas: oito provenientes do projeto ALiMA (Atlas
Linguístico do Maranhão), representando a comunidade de São Luís, e oito obtidas pela
pesquisadora em Barra do Corda. A metodologia é de caráter quali-quantitativo e, para análise
dos dados, são levadas em consideração as variáveis extralinguísticas sexo (masculino e
feminino), localidade (São Luís e Barra do Corda), faixa etária (18 a 30 anos e 50 a 65 anos),
escolaridade (ensino fundamental e ensino superior) e informante. Em relação às variáveis
linguísticas, são analisadas a forma do sujeito, a posição do sujeito, o paralelismo formal, a
saliência fônica, o tempo e modo verbal, o grau de determinação do sujeito e a composição do
sujeito. Considerando todas as ocorrências de primeira pessoa do plural, a análise realizada a
partir dos resultados gerados pelo programa GoldvarbX (Sankoff, Tagliamonte; Smith, 2005),
permitiu constatar que os falantes aplicam a concordância padrão em 90,5% dos casos e a
concordância não padrão em 9,5%. As variáveis selecionadas pelo programa na análise geral
foram: forma do sujeito, saliência fônica, escolaridade, faixa etária e localidade. No que se
refere à análise da concordância verbal com o pronome nós, observou-se que 67,3% das
ocorrências apresentam desinência verbal de primeira pessoa do plural (-mos), enquanto 32,7%
apresentam desinência de terceira pessoa do singular (Ø). Com essa forma pronominal,
destacaram-se como significativas a saliência fônica, a escolaridade, a localidade e o
paralelismo formal. Já com o pronome a gente, os resultados evidenciaram uma concordância
padrão semicategórica, com 99,8% das ocorrências apresentando desinência verbal de terceira
pessoa do singular (Ø). Ao se compararem os padrões de fala espontânea com os resultados do
teste de avaliação aplicado em um estudo anterior em Barra do Corda, evidenciou-se um
descompasso entre o uso linguístico real da primeira pessoa do plural e as intuições
metalinguísticas dos falantes.


Palavras-chave: Sociolinguística Variacionista; Primeira Pessoa do Plural; Comunidades
Maranhenses

Categorias: Teses
Autor: Elimária Oliveira Lima