Orientador: Prof(a). Dr(a). Diogo Oliveira Ramires Pinheiro
Páginas: 182
Resumo
Essa pesquisa propôs uma análise de dois tipos de modificadores no português
brasileiro: o adjetivo adverbial e o advérbio com sufixo -mente. Utilizando como abordagem teórica a
Gramática de Construções Baseada no Uso e a Teoria dos Exemplares, buscou-se propor uma
arquitetura semântica da Construção de Adjetivo Adverbial (CAA) para que, em trabalhos futuros, se
possa fazer uma análise contrastiva com a Construção X-Mente e, então, entender em que medida
esses dois advérbios se distinguem e se assemelham semanticamente. Visto que a depender da
construção esses dois tipos podem ser intercambiáveis em alguns contextos, mas únicos em outros,
hipotetizamos que essas semelhanças e diferenças são representadas na arquitetura por um nível
intermediário composto por classes semânticas licenciadoras dos itens adverbiais. A análise inicial de
corpora revelou distinções entre as construções quanto a frequências e combinações dos itens
preenchedores de slots, porém, apenas com uma análise qualitativa-interpretativa, da qual se obteve a
representação da arquitetura da construção, foi possível identificar oito classes semânticas que
representam oito construções no nível intermediário. Para averiguar a realidade psicológica dessa
representação, foi aplicado um experimento de julgamento de proximidade semântica que indicou dois
modos possíveis de agrupar semanticamente os AAs: em três a cinco conjuntos na representação
bidimensional; e em sete conjuntos na representação tridimensional. O estudo comprova que a
arquitetura da CAA apresenta um conjunto restrito de classes semânticas, influenciando a seleção e
licenciamento de itens adverbiais, em particular, os sentidos de gradação, compatibilidade e juízo de
valor nessas construções. Este trabalho apresenta relevância quanto aos modelos representacionais
experimentais e quanto às classificações semânticas no estudo do adjetivo adverbial.