Título: Referenciação e gêneros jornalísticos: sistemas cognitivos em jornal impresso e jornal digital.
Orientador: Vera Lúcia Paredes
Páginas: 191
Linha de pesquisa: Língua e Sociedade
Esta pesquisa tem por objetivo investigar os processos de referenciação e seus aspectos cognitivos no universo textual de construção de sentido, mais propriamente nos variados gêneros jornalísticos (em jornal impresso e jornal eletrônico). Parte-se do pressuposto de que é possível detectar diferenças e peculiaridades entre os processos textuais de referenciação relativos ao jornal impresso e aqueles encontrados em seu formato on-line. Isso envolve, naturalmente, não apenas a identificação de estratégias cognitivas diferenciadas em cada um desses gêneros, mas também a revisão de questões teóricas ligadas às duas principais temáticas abordadas no presente estudo: gêneros textuais e processos de referenciação. Assim, o estudo se enquadra na perspectiva funcional, voltando-se ao escopo teórico da Linguística Textual e da Linguística Cognitiva, de vez que analisa os chamados gêneros textuais como práticas discursivas, social e contextualmente localizadas. Também investiga a referenciação – especialmente os casos de anáfora indireta – com base em processos cognitivos que são ativados no momento mesmo da ação comunicativa, o que implica considerar não mais os “referentes”, mas sim os “objetos do discurso”. Em tal abordagem teórica, então, seria mais adequado falar em referenciação no lugar de referência – como destacam Mondada e Dubois (2003) -, a fim de se ressaltar a ideia de “processo” subjacente a todo evento comunicativo. O corpus da pesquisa é formado por textos de edições (eletrônicas e impressas) de dois jornais de circulação nacional: Folha de São Paulo e O Globo. Incluem-se na amostra 60 textos de cada gênero jornalístico investigado, analisando-se um total de 9 gêneros e 120 edições (60 impressas e 60 eletrônicas). Entre os gêneros jornalísticos abordados neste trabalho estão: a) no jornal impresso: artigo, entrevista, notícia, crônica, opinião do leitor; b) no jornal eletrônico: plantão de notícias, enquete, blog e twitter. A seleção de gêneros distintos nas versões impressa e eletrônica dos referidos jornais foi motivada pelo intuito de contemplar tanto gêneros jornalísticos tradicionalmente conhecidos (artigo, entrevista, notícia, crônica, opinião do leitor) como aqueles encontrados apenas em meio eletrônico (plantão, enquete, blog, twitter). Todos eles foram analisados com vistas a uma nova classificação de gêneros emergentes, a partir de Marcuschi (2005a), considerando-se, neste caso, o espaço jornalístico digital como meio de produção, ou, conforme Lévy (1999), a noção de ciberespaço. Também foi proposta, na análise das anáforas indiretas, uma tripartição dos processos de referenciação em: a) anáforas associativas; b) anáforas esquemáticas e c) anáforas encapsuladoras. No que concerne à produção de sentidos no jornal on-line, reconheceu-se, em tal investigação, que o caráter não-linear do hipertexto contribui sensivelmente para o desenvolvimento de estratégias comunicativas específicas que precisam hoje ser focalizadas pelos cientistas da linguagem. O campo de estudo torna-se, então, mais desafiador à medida que temáticas já pertencentes ao paradigma funcional de análise linguística passam a ser revisitadas, a saber: linearidade, coesão, coerência, referência, argumentação, entre outras. Por fim, em se tratando dos estudos de gêneros, tornou-se essencial à analise, ainda, o estabelecimento de possíveis conexões entre as abordagens sociodiscursivas da linguagem, das quais fazem parte os trabalhos de Bakhtin, Adam (1992) e Bronckart (1999).