Processamento do traço de gênero na correferência pronominal com antecedentes sobrecomuns e comuns de dois gêneros no português do Brasil

Título:Processamento do traço de gênero na correferência pronominal com antecedentes sobrecomuns e comuns de dois gêneros no português do Brasil
Orientador: Marcus Antonio Rezende Maia
Páginas:
 136

Linha de pesquisa: Gramática na teoria Gerativa

O objetivo desta dissertação de mestrado é investigar a realidade psicológica dos traços de gênero gramatical, bem como o papel do gênero no curso temporal do processamento da resolução da correferência pronominal no português do Brasil (PB). Os sobrecomuns, “(a) visita”, possuem gênero gramatical, diferentemente dos comuns de dois gêneros, “(o/a) visitante”, que seriam, portanto, mais dependentes do contexto. O que acontece, então, durante o processamento da correferência interssentencial com antecedentes sobrecomuns e comuns de dois gêneros? Quais desses tipos de antecedente teria resolução de correferência menos custosa no processamento? Qual o gênero do pronome que os retoma mais facilmente? E o contexto pode influenciar de algum modo a correferência entre antecedentes e pronomes? Homens e mulheres respondem a esses estímulos de maneira diferente?
De acordo com Cacciari, Carreiras, Cionini (1997), para o italiano e Lawall, Maia & Amaral (2012), para o português brasileiro, os pronomes das frases cujos antecedentes são sobrecomuns e possuem traços de gênero congruentes entre si são lidos com tempos médios de leitura significativamente menores que aqueles que possuem gênero gramatical incongruente. Por sua vez, em Cacciari, Corradini, Padovani & Carreiras (2011) foi possível investigar o papel do contexto no processo da correferência em italiano. Quando o antecedente é um sobrecomum, o contexto não é levado em conta, e o gênero do nome baseia-se no gênero gramatical intrínseco a ele. Por outro lado, quando o antecedente é comum de dois gêneros, o contexto é responsável por atribuir o gênero do nome.
Tendo como base teórica a Psicolinguística Experimental, foram realizados dois experimentos, um de leitura automonitorada não cumulativa e outro de monitoramento ocular (eye-tracking). Os resultados indicam uma hierarquia de fatores durante o processamento da resolução da correferência pronominal no PB. O fator mais importante é o traço de gênero gramatical, seguido da concordância de gênero entre o antecedente e o pronome, e por fim, a congruência de gênero entre o contexto e pronome. Esta ordem é válida para os sobrecomuns, já os comuns de dois gêneros estão submetidos somente ao terceiro fator, pois não possuem um gênero fixo. Em ambos os experimentos, homens e mulheres não apresentaram diferenças significativas on-line, mas detectaram-se diferenças off-line entre esses grupos.

Categorias: Dissertações
Autor: Michele Calil dos Santos Alves