Título:Preferência e Transferência no Processamento de Orações Relativas Apostas a Sintagmas Nominais Complexos em Português e Inglês
Orientadora: Marcus Antonio Rezende Maia
Páginas:160
Linha de pesquisa:Estudo das Línguas Indígenas Brasileiras
Trata-se de um estudo que procurou identificar as preferências no processamento de orações relativas apostas a sintagmas nominais complexos em português e em inglês, em grupos de monolíngues e bilíngues, visando também, neste último grupo, aferir possíveis efeitos de transferência e de erosão. Para tanto, foram realizados experimentos off-line (questionários) e em leitura automonitorada (on-line). Os experimentos off-line, nas versões em português e em inglês, foram aplicados a monolíngues de português e de inglês e a bilíngues em português com inglês como L2 que responderam às duas versões. Os sujeitos foram 40 falantes monolíngues em português, estudantes do curso de Pedagogia, Enfermagem ou Zootecnia de uma faculdade particular da cidade de Timon (Maranhão), 40 falantes nativos de inglês, da University of Massachusetts, EUA, e 40 professores de língua inglesa, com português como L1, de cursos de línguas e/ou das redes públicas, estadual e municipal, da cidade de Teresina – Piauí, que responderam às duas versões, em que se observou a compreensão de orações relativas ambíguas. Os materiais consistiram de frases com dupla possibilidade de interpretação, sendo ambas bem formadas gramaticalmente, objetivando-se verificar se há, por parte dos sujeitos indagados, uma preferência de análise na compreensão das orações relativas ambíguas e, se a preferência se dá pela aposição da OR ao SN1 alto, ou se pela aposição da OR ao SN2 baixo. No caso dos falantes bilíngues, pretendeu-se verificar se há transferência das preferências de processamento da L1 para a L2. Finalmente, pretendeu-se observar, ainda, se haveria uma variação nessa interpretação quando ocorre a alternância do pronome relativo QUE com A/O QUAL e THAT com o pronome WHO, nas versões em português e em inglês, respectivamente. Foram realizados também 4 experimentos de leitura automonitorada (on-line), também na versão em português e em inglês, aplicados a 24 monolíngues em português, 24 falantes nativos em inglês e 24 professores de língua inglesa, com português como L1 que responderam ao experimento nas duas versões. Esses sujeitos são professores de cursos de línguas e/ou das redes públicas, estadual e municipal, da cidade de Teresina – Piauí, havendo-se objetivado medir o tempo médio de leitura dos segmentos em que se dividiram as frases, especialmente o segmento que continha a oração relativa, crítico. Este estudo em Psicolinguística Experimental toma, portanto, como método de pesquisa, questionários off-line e experimentos on-line, baseados em Cuetos & Mitchell (1988) e outros autores, sobre o processamento de ORs por monolíngues e bilíngues, tais como os trabalhos de Dussias (2003), Maia & Maia (1999, 2001, 2005), Fernández (1998, 2002, 2005), Papadopoulou & Clahsen (2003), Ribeiro (2004, 2005), White (1998), destacados dentre vários outros. Discutem-se os resultados com base na Teoria do Garden Path, a Hipótese do Construal, a aposição preferencial do falante nativo, a aposição preferencial do falante de L2, questões associadas à Language Dependency x Language Independency no Processamento de Sentenças por Bilíngues, bem como a interferência da L1 na L2 e a erosão (attrition) sofrida pela L1 em virtude da L2. Este trabalho dialoga com trabalhos já conhecidos na literatura que relatam que português e inglês apresentam preferências diferentes quanto à aposição da OR a sintagmas nominais complexos. Finalmente, nossos dados apontam que os bilíngues em português-inglês apresentam um comportamento language independent verificando também evidências de transferências no processamento de OR ambíguas nos experimentos off-line. Entretanto, nos experimentos de Leitura Automonitorada, os dados apontam para um comportamento language dependent.