Orientador: Prof(a). Dr(a). Alessandro Boechat de Medeiros
Páginas: 101
Resumo
Esta dissertação analisa as nominalizações em -ção do português brasileiro (PB), a fim
de ampliar o entendimento sobre quais propriedades podem ser atribuídas à categoria nome
propriamente dita. Para isso, assume-se o arcabouço teórico da Morfologia Distribuída (MD),
modelo formal do quadro da Linguística Gerativa. A combinação do fenômeno em questão
com essa teoria é natural e, atestadamente, produtiva. A MD, assumindo uma abordagem
construcionista, estabelece que cada morfema de uma palavra está associado a um nó
terminal na estrutura sintática interna dessa palavra. As nominalizações do PB, por sua vez,
são transparentes na concatenação de morfemas, no sentido de que sua morfofonologia
evidencia quais componentes sintáticos estão presentes em sua estrutura subjacente.
A metodologia adotada é de julgamento instrospectivo de aceitabilidade. Com objetivo
de evitar enviesamento da análise e, assim, oferecer meios de replicabilidade científica dos
procedimentos realizados, recorreu-se também às intuições de um conjunto maior de falantes
de português, por meio de experimento psicolinguístico on-line com escala Likert de sete
pontos.
As principais conclusões indicam que é necessário seguir uma categorização de
ordem morfológica, a fim de compreender quais estruturas funcionais estão presente no
interior de cada nome. Somente a partir disso é possível investigar as leituras possíveis. Aqui,
foram identificadas quatro: evento, estado, resultado e entidade. Contrariando as
expectativas, nomes primitivos e deverbais comportam-se similarmente. Ao passo que estes
podem denotar entidades, aqueles podem apresentar estrutura argumental. Nesse sentido, as
leituras tampouco apresentam diferenças sintáticas radicais. A título de exemplo, nomes de
entidade podem ter argumentos, enquanto nomes de evento podem pluralizar e ser
modificados por numerais, pronomes demonstrativos e determinantes indefinidos.