Título: Plurilinguismo e política linguística em território fluminense: proposta de uma cartografia discursiva
Orientador: Profa. Dra. Tania Conceição Clemente de Souza
Páginas: 136
Resumo
Nosso trabalho tem como ponto de partida o mapeamento das diferentes línguas que são faladas no Rio de Janeiro, com a proposta de uma cartografia discursiva do estado do Rio de Janeiro. Uma cartografia com o viés discursivo se difere de uma cartografia linguística, porque esta se propõe explorar, em geral, as variações dialetais veiculadas no estado. O termo ‘cartografia discursiva’, cunhado neste trabalho, toma como base na sua definição aspectos de ordem político-social, quando estes dão lugar a um desenho da diversidade de línguas – em sua forma plena ou não – faladas no estado fluminense. A reunião dessas línguas não se dá por um fato fortuito, ao contrário: cada povo que aqui chega com sua matriz linguística traz consigo movimentos na história – do seu lugar de origem ao novo território. Uma cartografia discursiva não pode ser resultado, apenas, de um levantamento estatístico. A mesma se constrói investindo na busca por fatos históricos: por que aqui chegam os imigrantes? por que aqui chegam os povos africanos? por aqui chegam os povos originários? E, por fim, por que os refugiados buscam o nosso território como lugar de acolhimento? Em termos teóricos enveredamos pela articulação de conceitos oferecidos pela Análise de Discurso de linha francesa e da escola europeia de Sociolinguística. Muitas são as questões que permeiam nosso trabalho, como a discussão em torno do monolinguismo versus plurilinguismo. Sendo o Rio de Janeiro polo que agrega povos de diferentes procedências, muitas são os entraves e problemas para acolher a todos. A principal barreira na solução para um bom acolhimento reside na diversidade de línguas que fluem com o trânsito de muitos imigrantes, de povos originários do Brasil e do fluxo constante de refugiados. São poucos os projetos políticos que buscam a dar lugar de fato a um acolhimento. Destaca-se a dimensão do acolhimento através da criação de Cátedras pelo ACNUR; através da instituição de direitos por relações internacionais, como a criação por convenção, em 1951, do Instituto do Refúgio e a previsão de normativas legais mais favoráveis no Brasil do que em outros países. Nesse sentido, a oferta de uma cartografia discursiva permitiu mapear a fluência de um número expressivo de línguas oficiais e variedades dialetais faladas pelo contingente de imigrantes no estado do Rio de Janeiro. Todo esse universo linguístico, certamente, afeta o modo de falar o português, bem como o português afeta a todas essas línguas, fazendo surgir línguas forjadas em outros estados do território brasileiro – como o talian, o pomerano e outras. Por esses aspectos, de ordem política e de ordem histórica, o dialeto carioca tem sido identificado, desde a Convenção de 1943, como o dialeto padrão do país. Logo, em termos linguísticos, o modo de falar fluminense (abarcando o dialeto carioca) refletiria o sistema fonológico da Língua Portuguesa no seu todo. Em termos históricos, esse modo de falar reflete os movimentos da história universal, por isso a proposta de uma cartografia discursiva. Por fim, o trabalho no campo das políticas linguísticas não se encerra por aqui, quando buscamos responder a que línguas são faladas no Rio de Janeiro? Eis aí um campo fértil de discussão.
Palavras-chave: Palavras-chave: política linguística; plurilinguismo; cartografia discursiva
Abstract
Our work has as its starting point the mapping of the different languages that are spoken in Rio de Janeiro, with the proposal of a discursive cartography of the state of Rio de Janeiro. A cartography with or discursive can differ from a linguistic cartography, because this can explore, in general, as dialectal alterations transmitted in the state. The term ‘discursive cartography’, carried out in this work, is based on its social political criteria, when these places are placed in a design of several languages – in their full form or not – spoken in the state of Rio de Janeiro. The meeting of these languages does not give a fortuitous fact, on the contrary: each people who arrive here with their linguistic matrix brings movements in history – from their place of origin in the new territory. A discursive cartography cannot be the result of just a statistical survey. The same thing is to invest in the search for historical facts: why do immigrants arrive here? why do the african peoples arrive here? do native peoples arrive here? And, finally, why do refugees seek or our territory as a place of welcome? In theoretical terms we have taken the articulation of concepts offered by the French Discourse Analysis and the European School of Sociolinguistics. There are many issues that permeate our work, such as the discussion around monolingualism versus plurilingualism. Since Rio de Janeiro is a center that attracts people from different backgrounds, there are many obstacles and problems to welcome everyone. The main barrier in the solution to a good reception lies in the diversity of languages that flow with the transit of many immigrants, peoples from Brazil and the constant flow of refugees. There are few political projects that seek to actually give way to a host. The dimension of reception through the creation of Chairs by UNHCR stands out; through the institution of rights for international relations, such as the creation by convention in 1951 of the Refuge Institute and the provision of more favorable legal regulations in Brazil than in other countries. In this sense, the offer of a discursive cartography allowed to map the fluency of a significant number of official languages and dialect varieties spoken in the state. This whole linguistic universe certainly affects the way Portuguese is spoken, as Portuguese affects all these languages, giving rise to forged languages in Brazilian territory – such as Talian, Pomerano and others. Due to these political and historical aspects, the Rio de Janeiro dialect has been identified since the 1943 Convention as the country’s standard dialect. Therefore, in linguistic terms, the Fluminense way of speaking (encompassing the Rio dialect) reflect the phonological system of the Portuguese language as a whole. In historical terms, this way of speaking reflects the movements of universal history, hence the proposal of a discursive cartography. Finally, the work in the field of language policies does not end here, when we seek to answer which languages are spoken in Rio de Janeiro? Here is a fertile field of discussion.
Keywords: language policy; multilingualism; discursive cartography