Título:O SUJEITO NULO NO PORTUGUÊS DO MARANHÃO
Orientadora: Celso Vieira Novaes
Páginas: 203
Linha de pesquisa:Gramática na Teoria Gerativa
Este estudo trata do sujeito nulo no português do Maranhão e tem por base as ideias contidas no Programa Minimalista chomyskiano (1999). A noção de sujeito nulo descrita neste estudo é considerada a evolução teórica da concepção de parâmetro que, inicialmente, se apresenta como conjunto de propriedades sintáticas, segundo Chomsky (1981) e Rizzi (1982), e, posteriormente, como traços morfológicos, segundo Chomsky (1999) e Haegeman & Guerón (1998). As duas concepções são apresentadas com base na descrição e comparação do inglês, língua sem sujeito nulo, ao italiano e ao português Europeu (doravante PE), línguas de sujeito nulo, e, posteriormente, ao sujeito nulo no português do Brasil (PB), para o qual apresentaremos um conjunto de explicações retiradas de três estudos: Figueiredo (1996), Duarte (1995), Novaes (1996). Os dados do português do Maranhão foram retirados de 10 entrevistas com indivíduos ludovicenses, com nível superior, divididas em dois grupos etários, o primeiro entre 20 e 25 anos e o segundo entre 60 e 65 anos. Desse corpus, foram retirados 1.112 dados de sujeitos, dos quais 819 são de sujeitos plenos e 293 de sujeitos nulos. Para capturar a natureza do sujeito nulo no português do Maranhão, objetivamos: a) registrar ocorrências de sujeitos nulos e plenos; b) identificar as pessoas verbais com as quais ocorre sujeito nulo; c) identificar em que tempos verbais ocorrem preferencialmente esse sujeito nulo; d) identificar em que tipo de oração o sujeito nulo está inserido; e) verificar como se dá a sua identificação e recuperação. Em relação à variável não linguística, objetivamos: a) verificar a importância da faixa etária na realização do sujeito nulo. As nossas hipóteses são: a) se é verdade que o português do Maranhão conserva a segunda pessoa “tu” com verbo flexionado com -s, então o português do Maranhão apresentará um paradigma verbal “rico”; b) se o português do Maranhão preserva o sujeito nulo, então esse ocorrerá, preferencialmente, com pessoas gramaticais mais marcadas morfologicamente em tempos verbais como o presente, o pretérito perfeito e o pretérito imperfeito; c) se o paradigma verbal do português do Maranhão é “rico”, como hipotetizamos, será verdade também que será possível registrar altos percentuais de ocorrência tanto em orações independentes quanto em orações subordinadas; d) se o português do Maranhão preserva AGR “forte” e paradigma verbal “rico”, o mesmo preservará, preferencialmente, sujeito nulo identificado e recuperado pela flexão; e) se o sujeito nulo for preservado no Maranhão, como hipotetizamos, preservará também a identificação e a recuperação do sujeito nulo nas orações subordinadas via flexão. Em relação à variável não linguística faixa etária, a nossa hipótese é de que os falantes maranhenses da faixa etária mais alta (60 a 65 anos) produzirão mais sujeitos nulos do que os falantes da faixa mais jovem (20 a 25 anos). A análise dos resultados sugere que o português do Maranhão tem comportamento idêntico ao do PB, apresentando sujeito nulo de 1ª pessoa do singular e do plural, sujeito nulo expletivo e sujeito nulo correferencial em orações subordinadas.