Leitura e aceitabilidade da ausência de marca de plural em verbos de terceira pessoa em frases que cruzam os fatores ordem, concordância e traço semântico do sujeito

Orientador: Prof(a). Dr(a). Nome. Marcus Antonio Rezende Maia

Páginas: 102

Resumo

O presente trabalho observa o fenômeno morfossintático da concordância verbal de terceira pessoa do plural e visa a contribuir na discussão da interface Sintaxe/Semântica, baseando-se no modelo de processamento syntax-first, o qual sugere que o processo sintático precede o processo semântico (Frazier e Fodor, 1978; Friederici, 2002; Maia e Nascimento, 2020). Investiga-se a influência do traço semântico de humanidade [+H] do núcleo do sujeito na concordância verbal, como fator de favorecimento da concordância (Scherre e Naro, 1998 e Monte 2012) e as relações morfossintáticas da concordância verbal entre sujeito e predicado (Kato, Martins e Nunes, 2023). O objetivo da pesquisa é conhecer mais a respeito da concordância de número, em português brasileiro (PB), em suas relações com a ordem vocabular Sujeito/Verbo (SV) e Verbo/Sujeito (VS) (fator sintático) e com a natureza de [±Humanidade] (fator semântico), aprofundando as reflexões da pesquisa anterior e estudando a concordância em interação com a ordem de palavras e com o traço semântico e verificando a influência do cruzamento desses fatores na leitura e na aceitabilidade do falante, em relação às duas propostas de concordância da terceira pessoa: presença [C] ou não [N] do morfema [-m]. Questionou-se se o fator ordem, concordância ou traço semântico seria capaz de explicar e justificar os resultados encontrados, qual deles apresentaria efeito principal, como seriam suas interações e se o cruzamento dos fatores poderia influenciar as medidas de leitura e de aceitabilidade do falante. Para tal, aplicou-se experimento psicolinguístico de leitura de frases e tarefa de julgamento de aceitabilidade, para aferição de custos cognitivos, verificação de índices e produção de análises estatísticas dos dados de medidas on-line e off-line coletados com o auxílio do Eyelink 1000Hz (rastreador ocular). Os dados experimentais confirmaram a hipótese principal de que na ordem VS (verbo/sujeito) a ausência da marca de concordância seria mais aceita que na ordem SV. A hipótese de que haveria uma maior aceitabilidade da não concordância em frases na ordem VS que apresentassem no sujeito o traço semântico de humanidade [-H], em relação ao [+H], não apresentou relevância estatística. Condições com o nível [-H] e ordem VS, foram as que apresentaram os maiores custos cognitivos.

Categorias: Dissertações
Autor: Eliandra Viana da Silva