Título: Investigando a categorização radial: o que nos ensinam os verbos de separação do português brasileiro?
Orientador: Prof. Dr. Diogo Oliveira Ramires Pinheiro
Páginas: 120
A LC tem se caracterizado pela crítica ao ideal de definibilidade clássica das categorias. Duas questões, no entanto, permanecem pendentes: (i) é possível demonstrar empiricamente que as categorias definidas por itens linguísticos não apresentam estruturação clássica e (ii) em caso positivo, qual é a fonte ou origem dos efeitos de prototipicidade identificados no uso linguístico? Esta dissertação se propõe a responder essas duas perguntas. Em relação à primeira, optamos por investigar empiricamente as categorias definidas pelos verbos “cortar”, “quebrar” e “rasgar”. Para isso, foi desenvolvido um experimento de produção induzida em que os participantes deveriam descrever oralmente eventos de separação representados em vídeos curtos. Os resultados sugeriram que a crítica cognitivista se sustenta, na medida em que não foi possível identificar, de maneira geral, propriedades necessárias e suficientes para a estruturação das categorias definidas pelos verbos “cortar”, “quebrar” e “rasgar”. Em relação à segunda pergunta, decidimos investigar empiricamente que fatores levam o falante a optar pelo verbo “cortar” ou “quebrar” quando diante de diferentes tipos de eventos de separação. Os resultados sugeriram que tanto o tipo de evento (com instrumento cortante e com separação precisa versus sem instrumento cortante e sem separação precisa) quanto o tipo de objeto afetado (objeto tipicamente cortado versus objeto tipicamente quebrado) afetam a escolha do falante. Interpretamos esse resultado como evidência de que a estrutura hierárquica e redundante da rede construcional do falante produz efeitos de prototipicidade no uso linguístico.