Título:Interceptando mecanismos de alternância bilíngue: a micromodularidade revelada nos ERPs
Orientador: Aniela Improta França e Aline da Rocha Gesualdi
Páginas: 201
Este estudo tem como objetivo interceptor o mecanismo de alternância em momentos distintos da derivação para verificar o caráter micromodular do acesso lexical bilingue. Bilíngues tardios de holandês (L1)-português(L2) foram testados em dois experimentos de priming: primeiro apenas colecanto dados comportamentais (TRs) e, numa fase posterior, dados neurofisiológicos foram captados com a metodologia de ERP. Primeiro pares de palavras morfologicamente relacionados variando a língua do prime e alvo foram testados numa configuração monomodal e bimodal (escrita/auditiva – ESCRITA). Facilitação foi esperada apesar da alternância, baseada na tese da Morfologia Distribuída que diz que todas as palavras são derivadas composicionalmente (Marantz, 1997). Assim, no dado cenário, em que prime e alvo (por exemplo, peixe(L2) – VISSERIJ(L1)) contêm raízes que acessam uma entrada enciclopédica compartilhada que é língua-neutra, por exemplo [raizpeix + -nom.(L2) ‘animal vertebrado com escamas e nadadeiras, que vive na água, respora por brânquias, etc.’ raizvis + -nom. (L1))], um efeito de priming é esperado, visto que (i) a entrada semântica compartilhada já foi ativada pelo prime e (ii) alternância ocorre num momento ‘língua-neutro’. Medidas de latência de ERP para o N400 mostraram que há, de fato, nenhuma diferença em tempo de acesso lexical inicial que é essencialmente composicional, enquanto dados comportamentais indicaram uma desvantagem para a troca de L1 para L2, sugerindo que em fases posteriores de reconhecimento de L2 outros aspectos entram em jogo, tais como processos de inibição/ativação e processamento custoso de morfologia adicional em L2. No segundo experimento, foi esperada uma inibição para sequências como esta: [contagem regressiva em L2] três, dois, um -> [prime] (imagem de um peixe) -> (CONCEITO DE [peixe]) -> raizpeix + e (L2) -> [alvo] VISSERIJ (L1), já que alternância agora ocorre num momento ‘língua-específico’. Nem os dados comportamentais nem os de ERP confirmaram essa hipórese de forma categórica.