Insinuações da carne: ordem da imagem e sentidos do olhar

Título:Insinuações da carne: ordem da imagem e sentidos do olhar
Orientador: Tania Conceição Clemente de Souza
Páginas: 217

Resumo
A questão inaugural desta tese é de natureza epistemológica sobre o percurso de leitura do olhar de fotografia digital publicitária: como ler fotografia digital como imagem-discurso? Para respondê-la, investimos na produção conceitual de imagem cosmética e de escrita fotográfica, baseada em ‘paráfrases visuais’, ‘policromias’ e ‘memória alegórica’ (SOUZA, 2001; 2011; 2012). O nosso corpus de análise são imagens de ensaio fotográfico de Dicesar por Dimmy Kieer e seus big brothers gêmeos, para a revista G Magazine, além de resultados de experimento de rastreamento ocular de leitura de fotografia digital de sua capa e seis enunciados circulados em sites de publicidade e propaganda sobre a edição dessa revista. O aporte teórico-metodológico é a Análise do Discurso de linha francesa, a Linguística Cognitiva e a Linguística Experimental. Esse diálogo se justifica por meio da questão da linguagem e do simbólico em psicologia (que nos ancoramos em PÊCHEUX; HENRY; HAROCHE; GADET, 1982, que trataram a psicolinguística como resposta à questão da linguagem em psicologia). Por isso, buscamos conceitos como ‘espaço de ponto de vista do discurso’ e ‘extensão metafórica’ (FERRARI, 2011; 2016; 2017). Com o objetivo geral de contribuir para a compreensão do processo semântico ‘polissemia do olhar’ (envolvido na visualização de imagens), pode ser dito que o rastreamento ocular identificou a “trituração de leitura” (PÊCHEUX, 1980) dos sujeitos participantes, uma vez considerados os movimentos oculares como sequências discursivas de trituração visual: vimos essas sequências do sujeito M. A., que, por um lado, o seu percurso de leitura do olhar indicia uma ‘matriz de inteligibilidade de gênero’ (BUTLER, 1990), podendo, assim, desestabilizar o pertencimento ao seu grupo heterossexual, cuja extensão metafórica resultar na policrômica cueca do modelo direitoo, área de seu maior interesse, por outro, a leitura corrobora a afirmação dada pelo seu grupo de que há nudez na imagem, tendo em vista o modelo apenas usar uma lingerie, nada mais como vestuário. Além disso, a média de resultados dos seis grupos em relação à leituratrituração demonstrou maior interesse em três áreas da imagem de capa: o rosto da drag queen, o enunciado Dicesar por Dimmy Kieer e seus big brothers gêmeos e o rosto do modelo direito. Sobre o rosto, analisamos com base em Courtine e Haroche (2007). Em se tratando dos seis enunciados publicitários em circulação online, vimos que são apresentados confrontos discursivos com a materialidade imagética da capa da revista. Por isso, a leitura aparentemente de nudez teve sua linguagem em funcionamento pela normatividade de específico grupo sexista, o que indica a desregulação do corpo masculino e a indisciplina do corpo na história da heteronormatividade. O machismo afirma a nudez masculina em capa publicitária da G Magazine, edição de maio de 2010.

Categorias: Teses
Autor: Lucas do Nascimento