Título:Graus de subjetividade em estruturas de indeterminação
Orientadora: Lilian Vieira Ferrari
Páginas: 94
Este trabalho analisa construções de indeterminação do sujeito do português brasileiro sob a perspectiva teórica da Linguística Cognitiva. Mais especificamente, a pesquisa enfoca duas construções consideradas paradigmáticas de indeterminação, a saber: 1) a construção de indeterminação com sujeito de 3ª pessoa do plural não anafórico, explicitamente codificado ou não [(SUJ) V3PP (X)] (Ex. eles assaltaram o banco / assaltaram o banco), e 2) a construção de indeterminação com a partícula “se ” [V3P-SE (X)] (Ex. alugam-se casas / precisa-se de serventes). A análise articula, de forma inovadora, o paradigma da Gramática de Construções (Goldberg, 1995) aos conceitos de subjetividade e construal (Langacker, 1987, 1990), para tratar do pareamento forma-significado em ambas as construções.
A pesquisa foi desenvolvida a partir dos corpora orais PEUL e D&G, formados por entrevistas orais acerca de temas diversos como política, saúde, educação, economia, vida familiar, profissões, etc. A principal hipótese do trabalho é que as construções de indeterminação exibem diferentes graus de subjetividade, caracterizados a partir de diferentes configurações de perspectivas em relação à cena descrita. A segunda hipótese, associada à primeira, é a de que as construções de indeterminação apresentam distribuições distintas em função dos tipos textuais em que ocorrem.
Os resultados da análise são compatíveis com as hipóteses propostas, na medida em que as construções de indeterminação com pronome não anafórico, descritas como mais objetivas, ocorrem mais frequentemente em textos narrativos e descritivos (normalmente vinculados à apresentação dos fatos e entidades tal como ocorrem na realidade); já as construções de indeterminação com ‘se’, descritas como mais subjetivas, também são mais frequentes em textos argumentativos e expositivos (normalmente associados ao ponto de vista do falante).