Focalização In Situ no português do Brasil: sintaxe, semântica e prosódia

Título: Focalização In Situ no português do Brasil: sintaxe, semântica e prosódia
Orientador: Prof. Dr. Alessandro Boechat de Medeiros
Co-orientador: Prof. PhD. Albert Olivier Blaise Rilliard
Páginas: 250

Esta dissertação tem como objeto de pesquisa o fenômeno da focalização in situ no português do Brasil. Tais construções são caracterizadas pela existência de um acento prosódico especial sobre o constituinte focalizado, mantendo a ordem das palavras na sentença. Algumas abordagens da Gramática Gerativa, como a Cartografia Sintática (Belletti, 2004a, 2004b; Cinque, 1999; Rizzi, 1997; Rizzi&Bocci, 2017 inter alia), assumem que a focalização envolve movimento sintático para projeções dedicadas à veiculação de foco, ao passo que a ordem dos constituintes na frase não se altera porque ocorre um outro movimento de remanescente (Kayne, 1994) que resulta na mesma ordem de palavras que uma sentença sem focalização. Nosso trabalho busca uma alternativa a essa posição, tendo como hipótese que a focalização não envolve movimento sintático. Além disso, propomos que o sistema computacional da linguagem não necessita de codificar uma tipologia de focos (amplo, informacional, contrastivo, mirativo, etc.), pois o único traço relevante na gramática é o de exaustividade. Para embasar essas proposições, empreendemos uma análise semântica, uma análise prosódica e uma análise sintática: a análise semântica chega à conclusão de que LF codifica apenas um traço de exaustividade relativa, que exaure um conjunto pressuposicional dado no contexto; a análise prosódica demonstra que os diversos tipos de foco não são tão diferenciáveis entre si quanto o que se tem proposto – por outro lado, a exaustividade aparenta ser muito mais identificável, sendo marcada pela alteração do núcleo do sintagma entoacional; por fim, a análise sintática propõe duas alternativas de tratamento para a codificação da exaustividade: uma solução lança mão da proposta de Bošković (2007) para o movimento, e afirma que o traço de exaustividade é valorado internamente ao DP através de Agree do núcleo D com uma projeção funcional fP, enquanto a quantificação estabelecida pelo foco é dada através de movimento encoberto para CP. A segunda alternativa assume que a quantificação é resultado obrigatório da exaustividade veiculada pela focalização, marcada na sintaxe através da adjunção de um núcleo f, que introduz um quantificador do tipo “existe um único x”. Com essas análises, pretendemos lançar luz sobre o fenômeno da focalização in situ, apontando caminhos para tratar a questão em maior conformidade aos pressupostos da Gramática Gerativa, mais especificamente o Programa Minimalista (Chomsky, 2015 [1995])

Categorias: Dissertações
Autor: Rafael Berg Esteves Trianon