Título: Expressão de propriedades no Guató e no Wa’ikhana
Orientador: Profa. Dra. Kristine Stenzel
Páginas: 234
Neste trabalho, faço uma primeira descrição e análise do comportamento morfossintático dos lexemas com semântica adjetival no Guató (isolado) e Wa’ikhana (Tukano Oriental), duas línguas indígenas brasileiras ameaçadas. O Capítulo 1 é dedicado à apresentação dos dois povos. No Capítulo 2, descrevo os corpora que serviram de base para o presente trabalho. No Capítulo 3, faço um panorama dos estudos sobre a classe lexical “adjetivo”, tratando da sua história, da sua caracterização na tipologia e das abordagens teórico-metodológicas acerca da definição das classes lexicais. Adoto a posição de Dryer (1997), Haspelmath (2010a, 2010b, 2018) e Croft (2000, 2003), segundo a qual as categorias pertencentes às línguas diferentes são incomensuráveis entre si e, portanto, é preciso criar ferramentas comparativas para poder realizar cotejos interlinguísticos. Portanto, em ambas as línguas, descrevo e analiso termos para propriedades que correspondem à definição do conceito comparativo “adjetivo” proposto por Haspelmath. Além disso, para delimitar o conjunto das propriedades descritivas a serem discutidas, utilizo os tipos semânticos associados com a classe adjetival propostos por Dixon (2011[1977], 2004). No Capítulo 4, descrevo a expressão de propriedades no Guató, argumentando que os lexemas de semântica adjetival se comportam como verbos. Apresento as funções sintáticas desses verbos e a morfologia associada a essas funções, assim como os recursos gramaticais utilizados para negar, intensificar, atenuar e comparar propriedades e para indicar a mudança de estado. No Capítulo 5, descrevo a expressão de propriedades no Wa’ikhana, mostrando que a maioria dos lexemas de semântica adjetival também se comportam como verbos. Começo a minha descrição apresentando as funções sintáticas das raízes verbais não derivadas. Em seguida, trato dos verbos descritivos derivados pelo sufixo atributivo -ti e proponho uma origem diacrônica para esse sufixo. Depois, passo para a descrição dos lexemas de semântica adjetival que se comportam como nomes, sobretudo, do tipo semântico IDADE. Dou uma especial atenção ao lexema bʉkʉ ‘velho’, propondo que, mesmo tendo a origem diacrônica verbal, ele deve ser considerado um nome não derivado sincronicamente. Finalizo o capítulo tratando dos recursos gramaticais e lexicais utilizados para negar, intensificar e comparar propriedades e para indicar a mudança de estado. O Capítulo 6 contém a conclusão em que resumo os principais resultados desta pesquisa e apresento alguns passos futuros.