Orientador: Prof(a). Dr(a). Ana Paula Quadros Gomes
Páginas: 121
Resumo
Apesar dos avanços nos estudos da semântica formal e do grande que destaque itens Free Choice
(“livre escolha”) (FC) têm recebido na literatura internacional, o português brasileiro ainda é uma
língua que tem seu nível semântico pouco descrito. O caso de ‘qualquer’ exemplifica isso. Apesar
da grande diversidade de leitura que esse item pode receber, não temos ainda um mapeamento
completo de suas condições de licenciamento. O objetivo geral desta pesquisa é contribuir para a
descrição do português a nível semântico. O objetivo específico é descrever e analisar o
licenciamento de ‘qualquer’. Parte-se da hipótese de que o ambiente sintático interfere na leitura
‘qualquer’. Por isso, mesmo se tratando de um item lexical, diversas leituras estão associadas a
ele. Para verificar essa hipótese, os seguintes contextos são analisados: (i) o contraste de sentenças
genéricas e episódicas; (ii) o contraste entre as posições de sujeito e complemento sentencial; (iii)
o licenciamento de ‘qualquer’ como adjunto sentencial; e, por fim, (iv) a combinação de
‘qualquer’ às preposições ‘com’ e ‘sem’. A metodologia desta pesquisa baseia-se na utilização de
testes de gramaticalidade, aceitabilidade e adequação aos contextos das sentenças utilizadas nesse
estudo. Os julgamentos obtidos são provenientes da introspecção do autor. Argumentou-se que,
nas formas ‘qualquer’ + nome e ‘qualquer um’, ‘qualquer’ é um quantificador FC do português,
enquanto, na forma ‘um’ + nome + ‘qualquer’, ‘qualquer’ é um modificador nominal. Com este
trabalho, contribui-se para o levantamento de dados sobre ‘qualquer’ no português de acordo com
suas condições de licenciamento, o que pode beneficiar estudos futuros sobre o fenômeno FC em
uma perspectiva universal.