Orientador: Prof(a). Dr(a). Diogo Oliveira Ramires Pinheiro
Páginas: 150
Resumo
No português brasileiro, há uma construção idiomática identificada pela sequência
“bem que”, que não apresenta nenhuma descrição sistemática na literatura. Seu uso
pode ser exemplificado por sentenças como “Bem que minha mãe avisou que ia
chover” e “Bem que eu podia comer um chocolate agora”. A observação de dados
desse padrão levanta uma dúvida: qual é o sentido por trás de seu uso? Em outras
palavras, que significado particular ela acrescenta em uma sentença? Este trabalho,
que se insere no modelo da Gramática de Construções Baseada no Uso (BYBEE,
2010; GOLDBERG, 2006), procura investigar esse fenômeno a partir de uma análise
qualitativo-interpretativa baseada em dados da sequência “bem que” retirados do
Twitter. Propomos que todos os usos desse idiom são manifestações de uma única
construção gramatical, denominada aqui Construção Bem Que S (ou simplesmente
CBQ). Detalhadamente, busca-se, aqui, identificar (i) qual a forma que a identifica;
(ii) qual a sua semântica; (iii) qual a relação entre função e forma; e (iv) quais
diferentes valores pragmáticos podem ser veiculados a partir dessa construção.
Argumentaremos, simplificadamente, que a CBQ pode ser identificada pela forma
[bem que + sentença] e que está associado a ela o valor de negação de pressuposição
negativa, bem como alguns valores conversacionais relacionados, de algum modo, a
essa semântica.
Palavras-chave: Gramática de Construções; Funcionalismo; construções idiomáticas;
bem que; semântica; pragmática discursiva; pragmática conversacional.