Título:Estratégias de Indeterminação em Grupos de Discussão de Jovens Universitários
Orientadora: Vera Lúcia Paredes Pereira da Silva
Páginas: 94
Partindo do pressuposto de que o estudo dos gêneros do discurso (cf. Bakhtin, 2003) possibilita compreender os contextos de uso das formas da língua, o principal objetivo deste trabalho é descrever e analisar como o fenômeno da expressão do sujeito de segunda pessoa do singular (“tu” e “você”) e de algumas formas nominais (“o cara”, “a pessoa”, “vagabundo”, “nego”, “neguinho”) com valor indeterminado se comporta em um gênero digital de caráter argumentativo e mais informal. Como trata-se de um estudo da língua em situações reais de comunicação, aliamos a Teoria da Variação e Mudança Laboviana (cf. Labov, 2008) ao Funcionalismo Linguístico, já que essas correntes linguísticas consideram a língua em uso como objeto de análise. A língua é, nesse sentido, um sistema moldável que atende ao que é requerido comunicativamente por seus usuários, que recorrem estrategicamente a meios linguísticos a fim de satisfazer seus propósitos comunicativos. Foram analisadas as conversas de jovens universitários da cidade do Rio de Janeiro em grupos de discussão localizados no site de relacionamentos Facebook das Faculdades de Direito e Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ. Em uma primeira instância de análise, foi possível observar que o gênero dá as condições de ocorrências diferentes com relação ao comportamento dos pronomes de segunda pessoa do singular e dos nomes investigados na rede social. Como propiciam a estratégia de exemplificação para sustentar uma argumentação, as conversas nos grupos de discussão apresentaram pronomes e nomes de referência genérica, que podem ser definidos pelo sentido mais geral e abrangente. Nessa análise, considera-se que a tipologia textual (cf. Adam, 1990) influencia no uso dos pronomes e dos nomes no que diz respeito a sua referência (genérica). Os resultados apontaram para uma preferência pelo uso dos pronomes de segunda pessoa, principalmente do pronome “você”, porque sugerem uma aproximação entre os interlocutores e à cena descrita em uma situação comunicativa bastante polêmica.