Título:Crenças sobre o “ser judeu” da comunidade israelita sefaradita Bené-Herzl
Orientadora: Mario Martelotta
Páginas: 379
Linha de pesquisa: Mecanismos funcionais do uso da Língua
Esta tese investiga o papel da modalização na constituição das crenças dos membros da comunidade israelita sefaradita Bené-Herzl sob a perspectiva da Gramática Funcional. Esta teoria está assentada na pragmática, estudando como os falantes modelam as suas mensagens ao imprimir marcas no seu discurso. O falante, portanto, produz a sua marca de subjetividade na língua através de meios linguísticos que descortinam a sua intencionalidade, estabelecendo-se, desta forma, como uma verdadeira estratégia de argumentação. Avalio os efeitos de sentido ligados à atitude do falante em face de seu enunciado para esta tarefa de investigação que se propõe como funcionalista, cabe a indicação de que os elementos, em exame no seu uso, têm de ser vistos como funcionais em relação a todo enunciado. Como se pode observar, a modalidade é uma categoria necessariamente dependente do contexto de interação, não necessariamente relacionada à marcação gramatical. Investigo, portanto, a marca que o sujeito/falante/ouvinte deixa no seu discurso. A modalidade, assim, inserida na função interpessoal tem como finalidade a expressão de nossas crenças ou opiniões a respeito de algum assunto, como modo de interação com as pessoas no mundo, mostrando nossos critérios de verdade e valor. Modalização é o sustentáculo da enunciação na medida em que permite explicitar as posições do sujeito falante em relação ao seu ouvinte e a ele mesmo (NEVES, 2006). Este estudo aborda, portanto, a questão segundo a teoria da gramática funcional, proposta por Halliday (1989, 1994), bem como outros pesquisadores de mesma linha, por exemplo, Goosens (1985), Hengeveld (1989) e Dik (1989), considerando a crença de que a língua como sistema se abre ao falante em recursos à sua escolha e, simultaneamente, sofre mudanças, que são reflexos de seleções individuais, sociais e discursivamente motivadas. Assim, no contexto situacional das narrativas pessoais/autobiográficas, os informantes modalizam seus enunciados epistemicamente a partir de suas intenções, da função que eles assumem no processo comunicativo e da forma como eles desejam que os interlocutores recebam as informações e deonticamente a partir de suas obrigações morais e sociais.