Título:Crenças, atitudes e usos variáveis da concordância verbal com o pronome tu.
Orientadora: Maria Cecília de Magalhães Mollica
Páginas: 157
Linha de pesquisa:Estudo das Línguas Indígenas Brasileiras
O trabalho focaliza atitudes e crenças manifestas por maranhenses sobre o falar local, relacionando-as com os usos em contextos reais de fala. Volta-se para o exame da variação da concordância verbal na segunda pessoa do singular com o pronome sujeito explícito tu,na fala maranhense nas cidades de Caxias e em São Luís. A pesquisa caracteriza-se como um estudo de caso, que analisa o imaginário de um grupo de pessoas da cidade de Caxias em relação à afirmação popular de que no Maranhão se fala o melhor português. A pesquisa situa-se na área da Sociolinguística e segue as orientações metodológicas da linguística variacionista, com base nos pilares encontrados no texto basilar de Weinreich, Labov e Herzog (2006 [1968]) e Labov (1966, 1969, 2008, [1972b]). O estudo lança mão de abordagem qualitativa e quantitativa. Discute questões relacionadas a atitudes a partir de fatos sócio-históricos, de alguns indicadores apontados pelos sujeitos em exame e de resultados provenientes de análise de correlação de variáveis. No tratamento quantitativo dos dados, foi utilizado o programa Goldvarb X. Os experimentos em campo foram realizados por meio de entrevistas. Os dados para análise variacionista provêm de duas amostras: (1) corpus do projeto Atitudes Linguísticas dos Falantes do Maranhão (ALFMA) que integra a amostra Caxiense e (2) corpus da amostra Ludovicense disponibilizada em Carneiro (2011), que contém os dados de São Luís. O estudo comprova a existência do mito, uma vez que os índices são maiores para a avaliação positiva do que para a negativa em todos os perfis de falantes. A pesquisa aponta, a partir das crenças e das atitudes, o sotaque como elemento de sustentação do mito no imaginário maranhense. Com efeito, os resultados atestam contradição entre atitudes e crenças dos falantes e seus usos, se tomamos a estrutura canônica como paradigma, em relação à avaliação dos informantes quanto à existência do mito. Os falantes realizaram o verbo com a marca de concordância apenas 4,5% e 5,1% nas amostras estudadas, respectivamente. Por fim, os resultados obtidos ratificam achados de outras pesquisas sobre o tema desenvolvido em outras comunidades brasileiras. Portanto, ainda que a existência do imaginário se confirme no grupo estudado, é possível tratar-se de padrão que se perpetua de forma subjacente na maior parte da população do Estado e, por tradição ou mera intuição, reflete ainda a percepção e sensibilidade linguística de muitos brasileiros