Construcionalização e mudanças construcionais das perífrases cursivas de gerúndio no português

Título: Construcionalização e mudanças construcionais das perífrases cursivas de gerúndio no português
Orientador: Maria da Conceição Auxiliadora de Paiva
Páginas: 257

Resumo

Este trabalho examina, sob a ótica dos modelos baseados no uso e do modelo de Construcionalização e Mudança Construcional proposto por Traugott & Trousdale (2013), o processo de formação e história das construções perifrásticas de gerúndio no português, marcadoras de aspecto cursivo, especificamente as constituídas pelos auxiliares ficar e estar. Nosso estudo mostrou que o uso dessas duas construções perifrásticas foi precedido pelo das construções intransitivas e relacionais. Mostrou igualmente que as intransitivas caíram em desuso com estar e reduziram bastante seu emprego no caso de ficar, enquanto as relacionais seguiram com ampla utilização, apesar das locativas e modais- atributivas terem alterado sua distribuição. Os dados relativos aos três tipos de construção, intransitiva, relacional e perifrástica, foram investigados segundo as mesmas categorias linguísticas: animacidade do sujeito, estrutura sintagmática e sentido do verbo. Quanto às perifrásticas, também foram avaliadas com relação à presença e à natureza de material interveniente entre V1 e V2, tipo semântico do V2, e ao tempo verbal. A análise nos permitiu traçar o percurso da construcionalização e posteriores mudanças construcionais pós-construcionalização. Consideramos, em seguida, as alterações na Esquematicidade e produtividade da rede do aspecto cursivo, no português do Brasil, bem como a composicionalidade de cada construção. Também realizamos uma comparação entre português e o galego na sincronia atual, e constatamos que esses dois idiomas apresentam um padrão semelhante no que diz respeito ao emprego das perifrásticas com estar e ficar, e a mesma tendência com relação à ampliação contextual daquela e a restrição de usos desta. Os resultados da nossa análise ratificam o que a literatura sustenta quanto ao estatuto mais gramatical da construção perifrástica com estar, cujo uso precedeu e licenciou as construções paralelas com ficar. As primeiras construções sempre foram mais recorrentes que estas, embora ambas apresentassem um comportamento similar em relação à marcação aspectual. Um esquema representativo de construcionalização e mudança construcional pós- cosntrucionalização da aspectualização cursiva no português, através de construções perifrásticas gerúndio, ilustra nossas descobertas e finaliza a tese.

Categorias: Teses
Autor: Quezia dos Santos Lopes Oliveira