Orientador: Prof(a). Dr(a). Adriana Leitão Martins
Páginas: 143
Resumo
Este estudo tem como objetivo investigar as dificuldades linguísticas de pacientes diagnosticados com Doença de Alzheimer (DA) no que diz respeito ao conhecimento linguístico aspectual de perífrases progressivas no português do Brasil (PB). Diversos estudos (Grossman; White-Devine, 1998; Martins, 2010; Gomes, 2020; Pessôa et al., 2021) apontam que pacientes com DA podem apresentar dificuldades em relação à veiculação de determinados aspectos e à utilização de formas verbais perifrásticas. Em particular, investiga-se neste estudo: (i) se indivíduos portadores de DA, falantes nativos do PB, apresentam um déficit na composição morfossintática de perífrases progressivas com auxiliar no presente e (ii) se indivíduos portadores de DA, falantes nativos do PB, apresentam um comprometimento seletivo de informações aspectuais veiculadas através de perífrases progressivas com auxiliar no presente. Para testar essas questões, foram formuladas as seguintes hipóteses: indivíduos com DA falantes nativos do PB apresentam (i) déficit na composição morfossintática de perífrases progressivas e (ii) comprometimento seletivo na veiculação de informações aspectuais por meio dessas construções. A metodologia consistiu em um estudo de caso com uma paciente diagnosticada com DA e dois sujeitos saudáveis pareados em idade e grau de escolaridade com a paciente estudada. Foram aplicados aos participantes testes de funcionalidade, um teste neuropsicológico e testes linguísticos. Os resultados indicam que a paciente com DA investigada apresenta dificuldades na constituição morfossintática de perífrases progressivas, bem como de perífrases de modo geral. As duas hipóteses do estudo não foram refutadas, mas apresentaram-se evidências a favor apenas da hipótese (i), uma vez que não se pôde atestar qualquer tipo de comprometimento na veiculação dos aspectos gramaticais investigados. Discutiu-se que a especialização da perífrase progressiva para a veiculação exclusivamente do aspecto progressivo pela paciente constitui evidência de dissociação deste aspecto dos demais na faculdade da linguagem.
Palavras-chave: Doença de Alzheimer, perífrases progressivas, aspecto gramatical, Neurolinguística, português do Brasil.
