Cliticização e redobro de clíticos pronominais em kayabí (tupi-guaraní, tupi): a natureza ambígua de constituintes clíticos

Título: Cliticização e redobro de clíticos pronominais em kayabí (tupi-guaraní, tupi): a natureza ambígua de constituintes clíticos

Orientadora: Alessandro Boechat de Medeiros Páginas: 237

Linha de pesquisa: Estudo das Línguas Indígenas Brasileiras

Na presente tese propõe-se uma abordagem nova para a cliticização em kayabí(família tupi guaraní, tronco tupi), sobretudo em contextos de redobro de constituintes pronominais. A questão teórica principal discutida aqui é se um clítico pronominal não possui uma dupla identidade morfossintática, isto é, em termos de etiquetamento sintático, o clítico seria um elemento de natureza Xmin/max, ocupando o especificador em uma mesma estrutura de constituintes. Tal proposta possui como pilares os trabalhos de Roberts (2010), por um lado, e Arregi e Nevins (2012), de outro. Os últimos defendem ser o clítico um elemento de natureza D (determinante) gerado no especificador de uma mesma estrutura argumental (em consonância com os trabalhos de Belletti 2005 e van Koppen 2005) enquanto o primeiro, apesar de tratar o clítico em redobro como gerado em uma mesma estrutura, acredita que este nasce como núcleo de um constituinte XP, sofrendo sucessivas incorporações, não pulando a fase de vP e seu núcleo v. Acreditamos que os clíticos pronominais em sendo elementos que não variam com o T(empo), o elemento pronominal em redobro irá mover-se, pulando o núcleo de v-zinho, ocupando um especificador múltiplo de vP ou uma projeção funcional entre vP e TP (cf. ARREGI e NEVINS, 2012). Neste momento, o clítico parece ter uma identidade de constituinte XP. Em seguida, o clítico sofre uma espécie de movimento de núcleo particular para T ou C, que são os hospedeiros dos clíticos, dependendo do contexto sintático do argumento redobrado. Em sendo o kayabí uma língua de ergatividade cindida, quando o argumento envolvido for portador de Caso absolutivo, o hospedeiro para o clítico é o núcleo T(empo). Por outro lado, quando o argumento envolvido for portador de Caso ergativo, o hospedeiro para o clítico será o núcleo C(omplementizador). Nos contextos em que o alinhamento de Caso for o nominativo, o hospedeiro para o clítico nominativo será o núcleo T, ficando o argumento portador de Caso acusativo ou in situ ou com seu Caso valorado em v-zinho. Por fim, em contextos em que argumentos portadores de Caso dativo estão presentes na estrutura argumental, o núcleo responsável pela valoração deste Caso é o preposicional (em contexto de posposição), sendo posteriormente cliticizado para o núcleo T(empo) enquanto o clítico que redobra argumento ergativo será cliticizado no núcleo C(omplementizador).

Categorias: Teses
Autor: Rafael Saint-Clair Xavier Silveira Braga