Orientador: Prof(a). Dr(a). Tania Conceição Clemente de Souza
Páginas: 92
Resumo
Esta dissertação tem como objetivo analisar os mecanismos discursivos como meios
de controle social em diálogos interficcionais, considerando as obras O alienista de
Machado de Assis (2019) e A Casa de Chico Felitti (2020). A discussão apresentada
neste escrito busca demonstrar como sujeitos influentes (Simão Bacamarte e João de
Deus) movimentam e controlam os demais a partir de suas posições em formações
discursivas e ideológicas dominantes. Buscaram-se, portanto, caminhos que guiassem
a possibilidade de investigar o que Pêcheux (1990) intitula de acontecimento
discursivo, na perspectiva de um encontro de uma memória com uma atualidade –
explorando a possibilidade de deslizamento de sentido entre esses homens e uma
interpelação que os metaforiza em um só sujeito. A base teórica adotada para análise
segue os pressupostos da Análise do Discurso de escola francesa, bem como as
considerações sobre discurso em Foucault (2014) e sobre a análise do não verbal com
o conceito de Policromia em Souza (1998 e outros). Com efeito, são analisados
enunciados entre Simão Bacamarte e sua esposa Evarista na ficção, o relato de Ana
concedido ao livro-reportagem A Casa (2020) na não ficção, além de fotos de João de
Deus e Simão Bacamarte a fim de evidenciar o político e os efeitos de sentido sobre o
não verbal. As análises consideraram uma relação possível de semelhança entre os
sujeitos e as formas de controle nas inter-relações de Simão Bacamarte e de João de
Deus. Identificaram-se mecanismos que lhes atribuem poder nas relações discursivas,
sendo o imaginário um dos principais operadores discursivos na manutenção do
controle social.