Título: Aquisição fonológica em crianças com deficiência auditiva usuárias de implante coclear
Orientador: Christina Gomes
Páginas: 186
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo estudar a aquisição fonológica de crianças com deficiência auditiva pré-lingual usuárias de Implante Coclear (IC). Estudar essa população fornece uma grande oportunidade para observar como se dá a aquisição fonológica dessas crianças que têm um input auditivo restrito e de que forma esta privação sensorial dificulta o processo de aquisição. As hipóteses de trabalho se baseiam nos pressupostos da Fonologia baseada no Uso (BYBEE, 2001, 2010 E PIERREHUMBERT, 2003, 2012, 2016) e da Emergência da Fonologia (VIHMAN 1996, 2014), que consideram o conhecimento da estrutura fonológica emergente e gradual, estabelecido com base na relação entre cognição e experiência (percepção e produção) e organização e crescimento do léxico mental. Neste trabalho serão apresentados os resultados de dois estudos, um com delineamento longitudinal e um com delineamento transversal. No estudo transversal, foram analisados dados de oito crianças com dois anos de uso de IC e de um grupo de cinco crianças com desenvolvimento típico, pareados em função da idade de exposição ao input linguístico. No estudo longitudinal, foram analisados dados longitudinais da produção espontânea de uma criança com deficiência auditiva a partir da ativação do IC. Os dados do estudo transversal revelaram que as crianças se encontram em processo de aquisição. No entanto, as crianças com maior tempo de IC estão em uma etapa mais avançada de aquisição do que aquelas crianças com menor tempo de uso do dispositivo. Observou-se nos dados variabilidade na produção de um mesmo item lexical e relação entre tamanho do léxico e desenvolvimento fonológico. Nos dados do estudo longitudinal, verificou- se um aumento de produção dos itens lexicais com o aumento do tempo de uso do dispositivo. Inicialmente, as produções referenciais eram provenientes de repetição e, a partir do quinto trimestre após o uso do dispositivo, surgiram as produções espontâneas. Foi possível constatar que o participante passou pelas fases das primeiras palavras e estava, no final da pesquisa, na fase das palavras selecionadas. Os resultados apresentados mostraram que estas crianças apresentam o mesmo percurso aquisitivo de crianças ouvintes, porém com atraso em função do tempo de privação ao input auditivo proveniente da deficiência auditiva e corroboram os pressupostos teóricos adotados neste trabalho.