Aprendizagem implícita de morfemas novos: uma perspectiva psicolinguística.

Orientador: Prof(a). Dr(a). Daniela Garia Cid
Páginas: 232

Resumo

A aprendizagem estatística implícita é fundamental para compreender a aquisição da
linguagem ao longo da vida. No entanto, a investigação sobre a aprendizagem implícita de pares
forma-significado, especialmente na linguagem, é limitada e inconclusiva. Esta tese apresenta dois
experimentos que utilizam a técnica de rastreamento ocular para investigar a aprendizagem
implícita de morfemas novos em crianças e adultos em tempo real. O experimento 1 mostra que
crianças francesas de 3 a 4 anos, bem como adultos franceses e brasileiros, podem inferir o
significado de verbos novos com base em pistas gramaticais de estruturas no presente. No
experimento 1, os participantes ouviram frases com verbos novos no presente ou no futuro e
tiveram que escolher olhar para um de dois possíveis referentes para os verbos novos. A
aprendizagem foi medida através de diferenças nas condições, utilizando a análise de permutação
baseada em agrupamentos (cluster-based permutation analysis) ao longo do tempo. Os resultados
mostraram que tanto as crianças como os adultos utilizam contextos sintáticos para construir
conhecimentos implícitos sobre verbos novos. O experimento 2 investigou a aprendizagem
implícita de conexões entre a forma gramatical e o significado funcional. Os participantes foram
expostos a um novo componente gramatical que substituiu a morfologia do futuro e do presente
durante uma fase de familiarização, sem terem recebido nenhuma informação sobre o significado
desse novo componente. Após a fase de exposição, uma fase de teste avaliou se os participantes
eram capazes de usar este novo elemento gramatical para inferir o significado de novos verbos,
selecionando através do olhar um entre dois referentes em vídeos animados. Adicionalmente, um
questionário pós-experimento avaliou se alguma compreensão explícita do novo elemento
gramatical surgiu durante a experiência. Os resultados deste experimento sugerem que os
participantes brasileiros puderam aprender implicitamente o novo componente gramatical sem
instrução explícita, mas esse aprendizado foi limitado àqueles que demonstraram terem
desenvolvido conhecimento explícito sobre o significado da nova palavra gramatical. As razões
para esses achados são discutidas no capítulo final.

Palavras-chave: aprendizagem implícita, morfologia, psicolinguística, aprendizagem distribucional

Categorias: Teses
Autor: Mayara de Sá Pinto