Título:Análise contrastiva do futuro verbal em Inglês e Português: Uma abordagem baseada no uso
Orientadora: Lilian Vieira Ferrari
Páginas: 182
Linha de pesquisa:Estudo das Línguas Indígenas Brasileiras
O presente trabalho de pesquisa analisa contrastivamente o futuro verbal comWILL em inglês e português, considerando, inicialmente, que as gramáticas de línguainglesa para brasileiros postulam duas traduções possíveis decorrentes da equivalênciaou correspondência, quase biunívoca, entre o futuro morfológico (Nós transformaremos nossas escolas) e o will future (We will transform our schools), bem como do futuroperifrástico (Nós vamos transformar nossas escolas) e o „going to‟ future (We are goingto transform our schools). Por outro lado, à luz dos dados – sentenças no futuro com “will”, retiradas do discurso de posse do Presidente Barack Obama (EUA, 2009), e analisadas em dez traduções profissionais veiculadas no Brasil – verificou-se ser possível depreender somente daquela sentença no futuro com „will‟, pelo menos duas traduções diferentes, em português: Nós transformaremos nossas escolas (futuro morfológico) e Nós vamos transformar nossas escolas (futuro perifrástico). Diante dessa situação, levantamos, inicialmente, a seguinte pergunta: O futuro com “will”, em inglês, corresponde ao futuro morfológico ou ao futuro perifrástico, em português? Buscamos a resposta para o questionamento elencado no âmbito da Teoria dos Atos de Fala, ancorada em um repertório de modelos conceptuais pré-existentes na mente dos falantes e que dão sustentação às estruturas linguísticas que expressam futuridade. Partimos, pois, de uma revisitação aos trabalhos de AUSTIN (1962) e SEARLE (1969,1979), que serviram de base para aprofundarmos o tratamento do fenômeno sob a ótica da Linguística Cognitiva. Nesse sentido, apoiamo-nos na relevante contribuição de MARMARIDOU (2000) para os estudos da Pragmática, e em especial, dos atos de fala. Sobre o Futuro Verbal em Inglês, citamos DECLERK (2006), e sobre o Futuro em Português recorremos aos trabalhos de FERRARI & ALONSO(2009, 2010), Fundamentamo-nos, também, na Teoria dos Protótipos (Rosch 1973, 1975, 1978, Lakoff 1987). Isto posto, a hipótese geral que orientou o trabalho foi a de que a estruturação semântica radial inerente aos atos de fala associados à construção de futuro com WILL influencia a escolha da forma verbal de futuro em português. Ao analisarmos os dados a partir da estrutura conceptual da noção de futuro, ficou demonstrado, que em inglês, o enquadramento semântico do evento futuro (evento futuro em si ou evento futuro resultante do presente), e o tipo de ato de fala realizado(compromissivo ou assertivo) são relevantes para o uso do WILL-FUTURE. Em Português, os mesmos fatores podem atuar, mas em combinações diferentes. Extraordinariamente, ao traduzir do inglês para o português, é preciso considerar que uma sentença no will future pode estar instanciando um ato compromissivo, que por sinal, é sua instancia mais prototípica. Assim sendo, o tradutor, contrariando a Gramática Normativa que prescreve o uso do futuro morfológico, deverá enquadrar o evento com o futuro perifrástico (IR+INFINITIVO), a partir, também, de uma sentença no WILL FUTURE.