Análise construcional da segmentação na escrita

Análise construcional da segmentação na escrita.

Título: Análise construcional da segmentação na escrita
Orientador: Prof(a). Dr(a). Maria Cecília de Magalhães Mollica
Páginas: 142

RESUMO

A pesquisa volta-se para os processos de hipossegmentação e hipersegmentação na escrita, a exemplo de ‘oque’, ‘derrepente’, ‘concerteza’, ‘afim de’, ‘tam bém’, ‘com pulsória’, entre outros. Tais registros são comuns na escrita de alunos típicos e atípicos – discentes que apresentam laudo médico de transtornos que interferem na aprendizagem, como dislexia e Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) – da Educação Básica, inclusive em etapas mais adiantadas como o Ensino Médio, quando se espera que (quase) todos os problemas ortográficos referentes à segmentação de palavras estejam sanados. O foco do estudo consiste na compreensão desses processos de hipossegmentação como epifenômeno, sob a perspectiva funcionalista, mais especificamente da gramática das construções baseada no uso, e dos processos de hipersegmentação como resultados de hipercorreção por parte dos sujeitos de pesquisa. A partir de análise apurada dos dados e com base nos referenciais teóricos abordados, levantam-se as seguintes hipóteses: (a) Ocorrências de HIPER são produtos de hipercorreções sob pressões de uso; (b) Há ocorrências de HIPER que se justificam por meio de suposições estruturais, como ‘já mais’ e ‘com pulsória; (c) As ocorrências de HIPO como ‘tenque’, ‘oque’, ‘concerteza’, ‘derrepente’, entre outras, podem ser consideradas chunks; (d) Ocorrências de HIPO como ‘derrepente’, ‘oque’, ‘agente’, ‘concerteza’ apresentam menor analisabilidade, perdendo, portanto, a composicionalidade; (e) Casos de HIPO como ‘derrepente’, ‘concerteza’, ‘oque’ tendem à construcionalização; (f) Ocorrências de HIPO construcionalizadas como ‘concerteza’, ‘oque’, ‘derrepente’ e ‘agente’ (pronominal), devido à frequência token, tendem a se firmar na língua; (g) Os casos tanto de HIPO, quanto de HIPER são de motivação gramatical. Aprofunda-se a análise de modo a refinar a classificação dos casos de hipossegmentação e hipersegmentação, recorrendo a textos de escrita espontânea do Português do século XIX, com o intuito de verificar a tendência que a língua apresenta de ora unir segmentos, ora separá-los, como já ocorreu com alguns vocábulos como, a título de exemplo, ‘portanto’ e ‘embora’. Abordam-se inclusive os casos em que a segmentação não- convencional assume papel funcional na escrita de letrados, comprovando a plasticidade a que a língua tende.

Palavras-chave: Segmentação, Construcionalização, Mudança e Variação.

ABSTRACT

The research focuses on the hyposegmentation and hypersegmentation processes in the writing of Brazilian Portuguese, such as ‘oque’, ‘derrepente’, ‘concerteza’, ‘afim de’, ‘tam bém’, ‘com pulsória’, among others. Such records are common in writing for Elementary School and High School typical and atypical students – students who present a medical report of disorders that interfere with learning, such as dyslexia and Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD) –, when it is expected that (almost) all orthographic problems related to word segmentation will be healed. The focus of this study is the understanding of these hyposegmentation processes as epiphenomenal, from the functionalist perspective, more specifically from the Usage-based Construct Grammar, and the hypersegmentation processes as results of hypercorrection by the research subjects. From the pilot analysis and based on the theoretical references discussed, the following hypotheses arise: (a) Occurrences of HIPER are products of hypercorrections under pressures of use; (b) There are HIPER occurrences that are justified by structural assumptions, such as ‘ja mais’ and ‘com pulsória’; (c) Occurrences of HIPO such as ‘tenque’, ‘oque’, ‘concerteza’, ‘derrepente’, and others, can be considered chunks; (d) Occurrences of HIPO as ‘derrepente’, ‘oque’, ‘agente’, ‘concerteza’ exhibit less analyzability, thus losing compositionality; (e) Cases of HIPO, such as, ‘derrepente’, ‘concerteza’, ‘oque’ tend to constructionalisation; (f) Occurrences of HIPO constructionalised as ‘concerteza’, ‘oque’, ‘derrepente’ e ‘agente’ (pronominal) due to token frequency, tend to establish themselves in the language; (g) The cases of both HIPO and HIPER are from grammatical motivation. It is intended to deepen the analysis in order to refine the classification of cases of hyposegmentation and hypersegmentation, using spontaneous writing texts of nineteenth-century Portuguese, in order to verify the tendency of the language to join segments, sometimes separating them, as has already occurred with some words as an example ‘portanto’ and ‘embora’. The research also addresses the cases in which non-conventional segmentation takes on a functional role in literacy writing, proving the plasticity to which the language tends.

Keywords: Segmentation, Constructionalization, Change and variation.

Categorias: Teses
Autor: Andreia Cardozo Quadrio