Orientador: Prof(a). Dr(a). Isabella Lopes Pederneira
Páginas: 68
Resumo
Este trabalho tem um caráter translacional que envolve uma investigação bidirectional
entre a educação e o conhecimento linguístico teórico. Deste modo, busca compreender
os principais processos cognitivos relativos à linguagem pelos quais uma criança passa
em seu desenvolvimento, no caminho pela aquisição da língua escrita e leitura. Foi
observada a capacidade de crianças com idades entre 2 e 4 anos, de distinguirem signos
linguísticos de outras figuras aleatórias, antes da conclusão do processo de
alfabetização. Os estudos parte da ideia de Competência e Desempenho da Faculdade
da Linguagem, encontradas na Teoria da Gramática Gerativa (CHOMSKY, 1957); e
norteiam-se na abordagem neurofisiológica do desenvolvimento e processamento
visual humano, que mostra acuidade visual para o reconhecimento de signos
linguísticos, com precisão, inclusive por crianças a partir dos 2 anos de idade.
Compreendendo alguns processos, podemos ver como a visão de um signo linguístico
pode ser interpretada pelo cérebro de forma distinta, de como imagens comuns são
interpretadas. O estudo ainda ancora-se nas evidências encontradas nas pesquisas
acerca da Teoria da Reciclagem Neuronal (DEHAENE, 2012) e dos novos resultados
encontrados nos estudos mais recentes que abordam a plasticidade neuronal necessária
para o desenvolvimento da Área da Forma Visual da Palavra (Visual Word Form Area)
(DEHAENE-LAMBERTZ et al, 2018); e da ideia do desapego da Generalização por
Simetria (CORBALIS e BEALE, 1976). Este estudo contou com um teste-piloto
pseudolongitudinal, de percepção visual e fonêmica, aplicado em crianças, de forma
remota e não invasiva. O teste consistiu na seleção de crianças entre 2 e 4 anos de
idade, divididas em 3 grupos etários de 12 crianças no total. Os resultados do teste-
piloto corroboraram com a hipótese de que há possibilidade de crianças com 2 a 4 anos
serem capazes de identificar traços semelhantes aos traços de signos linguísticos pela
sua acuidade visual, como propõe Corrêa (2015).
Palavras-chave: Alfabetização Precoce, Letramento, Reciclagem Neuronal,
Plasticidade Neuronal, Área da Forma Visual da Palavra, Aquisição da Língua
Escrita.