A rede construcional de movimento causado do português brasileiro

Título:A rede construcional de movimento causado do português brasileiro
Orientador: Lilian Vieira Ferrari
Páginas: 133

A Construção de Movimento Causado (GOLDBERG, 1995) é triargumental, sendo definida estruturalmente como [SUJ [V OBJ OBL]] e semanticamente entendida como “X causa Y a mover-se Z”. Exemplos da autora incluem Joe kicked the dog into the bathroom e Sam helped him into the car. O ambiente construcional de movimento causado fornece ao verbo, prototipicamente transitivo ou intransitivo, os chamados papéis argumentais, os quais asseguram a leitura de movimento causado da construção. Isso explica por que, segundo Goldberg (1995), verbos como laugh, intransitivos, podem adquirir transitividade em They laughed the poor guy out of the room. Ademais, a CMC está vinculada a uma rede polissêmica, consoante o Princípio da Motivação Maximizada, havendo diferentes leituras dentro da mesma sintaxe: a) “X causa Y a mover-se Z”; b) “Condições de satisfação fazem X causar Y a mover-se Z”; c) “X permite Y a mover-se Z”; d) “X impede Y de mover-se Z” e e) “X ajuda Y a mover-se Z”. Além dos vínculos polissêmicos, as Redes Construcionais também preveem a CMC em uma rede que envolve laços metafóricos, o que ocorre, por exemplo, entre a CMC e a Construção Resultativa, conforme ilustram Ele empurrou o piano para a sala e Ele esfregou a mesa até brilhar, aos quais subjaz a metáfora “Estados são Locais” (FERRARI, 2011). Não há, ainda, estudos acerca da CMC no português brasileiro e, nesse sentido, o objetivo desta dissertação é mostrar como a CMC pode ser descrita nessa variedade. A pesquisa conta com o Corpus NILC/São Carlos (http://www.linguateca.pt/acesso/corpus.php?corpus=SAOCARLOS). Os 30 verbos encontrados revelaram 103 instâncias da CMC com os usos literal, metonímico, metafórico e metaftonímico (GOOSSENS, 1990). Os dados viabilizaram a organização de uma rede estruturada por links taxonômicos, apresentando um nível mais alto, representado por “X causa Y a mover-se Z” e, abaixo, um nível intermediário no qual a macroconstrução é semiespecificada de duas maneiras: “X causa Y a mover-se em Z” e “X causa Y a mover-se para/a Z”. Abaixo de cada um desses níveis, apresentam-se os dados do corpus, distribuídos em classes semânticas denotadoras do tipo de transferência executada pelo verbo dentro da CMC. Destarte, obteve-se um panorama inicial do comportamento dessa construção no português brasileiro.

Categorias: Dissertações
Autor: Fernanda da Silva Ribeiro