A ordenação das construções causais com porque e por+infinitivo no português clássico e contemporâneo

Título: A ordenação das construções causais com porque e por+infinitivo no português clássico e contemporâneo
Orientador: Maria da Conceicao Auxiliadora de Paiva
Páginas: 98

As orações causais com porque e por+infinitivo podem ser antepostas, pospostas ou interpostas à oração núcleo a que se ligam. Este estudo visa verificar, através de uma análise diacrônica, a forma como alguns princípios de natureza funcional operam sobre a ordenação dessas construções desde o século XVII até o século XXI, e as possíveis alterações na atuação desses princípios ao longo do tempo. Com base em pressupostos dos Modelos Baseados no Uso (MBU), analisamos mais especificamente a ação dos princípios de iconicidade, de distribuição de informação e de continuidade tópica, considerando, ainda, o domínio em que se instaura a relação de causalidade (referencial, epistêmico e dos atos de fala). As hipóteses que norteiam essa pesquisa são as seguintes: (i) o domínio em que se instaura a relação de causalidade pode favorecer diferentes possibilidades de ordenação das orações causais com porque e por+infinitivo; (ii) em períodos causais sequenciais, a oração causal tende a ser anteposta à oração efeito; (iii) a oração causal tende a ser anteposta se carrega informação velha, ou posposta se carrega informação nova; e (iv) a anteposição da oração causal pode servir como um recurso para a manutenção do tópico do discurso anterior. Para a verificação dessas hipóteses, analisamos uma amostra de textos representativos de cada século do período considerado. Os dados atestados nessa amostra foram submetidos a um tratamento estatístico que mostrou, em primeiro lugar, que a posposição tende a ser a ordem não marcada das orações causais introduzidas por porque e por+infinitivo independentemente das diversas propriedades analisadas. Os resultados obtidos apontam, ainda, que as orações causais com por+infinitivo permitem maior flexibilidade de posição do que as orações com porque que, ao longo do tempo, fixam uma posição. Verificou-se, por fim, que a anteposição e a interposição constituem ordens marcadas tanto do ponto de vista da sua frequência como dos contextos em que ocorrem

Categorias: Dissertações
Autor: Mayra Franca Floret