A gramaticalização da construção Xmente: uma história do latim ao português.

Título:A gramaticalização da construção Xmente: uma história do latim ao português.
Orientadora:Maria Maura da Conceição Cezario
Páginas: 111

O objetivo geral desta pesquisa é buscar a origem da construção Xmente, produtiva na formação de advérbios na maioria das línguas românicas. Motivados pelo o que dizem gramáticos históricos, linguistas e filólogos, de que este tipo de estrutura surgiu no latim, utilizamos como corpus desta pesquisa textos do Latim Clássico e Latim Medieval; analisamos também o texto Orto do Esposo, referente ao português arcaico, a fim de comprovarmos a produtividade dessa construção num período inicial de uma língua românica. Esta pesquisa tem como base teórica os princípios e métodos da Linguística Centrada no Uso, pois acreditamos no aspecto mutatório das línguas, advindo de fatores de ordem comunicativa. Esta corrente traz para análise da estrutura linguística aspectos semânticos, pragmáticos, cognitivos, funcionais, sociais e culturais. A formação do padrão construcional Xmente é o resultado da gramaticalização de um contexto discursivo originado no latim, como ex: devota mente, em que mente designa estado mental e é modificado por um adjetivo em acordo semântico com ele. Consoante à noção de construções desenvolvida por Goldberg (1995), de que construções são pareamento de forma e sentido e o valor semântico não é predizível pelas partes que as compõem, acreditamos que, nas sincronias do latim, esta forma apresentava ainda um valor semântico composicional. Já no início das línguas românicas, o padrão Xmente, mais abstrato e não-composicional, era bastante produtivo, o que nos leva a crer que a gramaticalização desta estrutura tenha ocorrido na fala, no latim vulgar, berço das línguas românicas. O objetivo desta pesquisa é mostrar de que maneira ocorreu a gramaticalização desse contexto inicial até a perda da composicionalidade dessa estrutura e sua reanálise propiciando a formação da construção Xmente. Esse processo envolve: expansão do contexto de uso na língua, mudança categorial (mente (substantivo) > -mente (sufixo); perda de conteúdo semântico; restrições posicionais; expansão da classe hospedeira e aumento da frequência de uso. Para tanto, trabalhamos com as noções propostas por Bybee (2003; 2010) de frequência, analogia, categorização e chunking.

Categorias: Dissertações
Autor: Júlia Langer de Campos