Orientador: Prof(a). Dr(a). Christina Abreu Gomes
Páginas: 108
Resumo
Este estudo analisa a aquisição de formas de plural de nominais terminados em
ditongo decrescente Vw (-is e -s) e no ditongo nasal -ão (ex. -ãos, -ães, -ões) em crianças de 5
a 12 anos, explorando fatores linguísticos e sociais no condicionamento da variação entre
eles. A pesquisa combina pressupostos teóricos da Sociolinguística Variacionista e dos
Modelos Baseados no Uso, entendendo a variação como sistemática e influenciada por
experiência linguística, cognição e fatores sociais. Estudos anteriores com adultos indicam
que a alternância de plural no PB é condicionada por frequência lexical, escolaridade e
características socioeconômicas. Em crianças, o objetivo foi verificar como os padrões de
variação observados em adultos (como influência de vogal núcleo, tamanho da palavra e
escolaridade) são adquiridos. A metodologia incluiu um experimento de elicitação com
pseudopalavras, inspirado no teste Wug, aplicado a 38 crianças de escola pública e 45 de
escola particular de São Gonçalo – RJ. O trabalho parte da hipótese segundo a qual a
aquisição de formas de plural envolve inferência de padrões no léxico com base na
experiência das crianças com a língua. Os resultados mostraram que, para pseudopalavras
terminadas em Vw, ambos os grupos apresentaram comportamento semelhante ao de adultos
de baixa escolaridade, com predomínio do plural regular em -s. Foi também observada
influência da vogal núcleo, mas com condicionamento distinto do observado em adultos. Para
pseudopalavras terminadas em -ão, não houve produção de forma no plural com -ães, e a
distribuição entre -ões e -ãos foi equilibrada, com leve preferência por -ões na escola pública.
Os resultados encontrados apontam para um percurso desenvolvimental diferente do
observado para crianças de Belo Horizonte, conforme em Oliveira et al. (2020), confirmando
o a posição de Rácz et al. (2015) segundo a qual, dada variabilidade dos repertórios lexicais
entre os falantes em função de sua experiência com a língua relacionada a fatores sociais,
deve haver variabilidade na inferência de padrões morfológicos, já que esta é diretamente
influenciadas pela composição e estrutura do léxico de cada indivíduo.
Palavras-chave: aquisição, morfologia, nomes, léxico, analogia.
