ELA TÁ SE ACHANDO O MÁXIMO: UM ESTUDO SOBRE CONSTRUÇÕES DE ATRIBUIÇÃO COM OS VERBOS ACHAR, SENTIR E QUERER

Orientador: Prof(a). Dr(a). Karen Sampaio Braga Alonso
Páginas: 000

Resumo

Neste trabalho são analisadas quali-quantitativamente as construções anafóricas de atribuição explícita, tais como em Pedro tá se achando o gostosão e Maria tá se sentindo excluída; as construções intensivas de atribuição implícita, como em Larissa tá se achando e Carlos tá se sentindo; e a construção intensiva de atribuição transitiva, como em Enzo veio todo se querendo. O objetivo do trabalho é descrever seus usos, seus aspectos semântico-pragmáticos e seus aspectos formais, bem como explicar como essas construções se relacionam na rede construcional do português brasileiro. Foram utilizados os pressupostos teóricos da Linguística Funcional Centrada no Uso (BYBEE, 2016; GOLDBERG, 1995) e o modelo de gramática de construções (DIESSEL, 2019; GOLDBERG, 2019). Foram analisados 200 dados com o verbo achar, sendo 116 referentes à construção anafórica de atribuição explícita (Pedro tá se achando o gostosão) e 84 referentes à construção intensivas de atribuição implícita (Larissa tá se achando); 200 dados com o verbo sentir, sendo 190 referentes à construção anafórica de atribuição explícita (Maria tá se sentindo excluída) e 10 referentes à construção intensiva de atribuição implícita (Carlos tá se sentindo); e 168 dados da construção intensiva de atribuição transitiva, com o verbo querer (Enzo veio todo se querendo). Quanto às construções anafóricas de atribuição explícita, destacaram-se os fatores contextos de im/polidez (BROWN; LEVINSON, 1987), natureza dos qualificadores (sendo positivos ou negativos) combinados à construção e a intensividade desses qualificadores, estas expressam uma opinião do enunciador acerca daquilo que acredita ser um pensamento que o sujeito sintático possui sobre si e se dividem em duas: a construção reflexiva de atribuição explícita (com o verbo achar), tendendo a ser utilizada em contextos impolidos e a se combinar com qualificadores positivos (+) intensivos, e a construção média-cognitiva de atribuição explícita (com o verbo sentir), tendendo a ser utilizada em contextos de polidez e a se combinar com qualificadores negativos não marcados quanto à intensividade. Elas podem ser representadas formalmente como [SUJEXP (VFIN) SEREF ACHANDO QUALIF] e [SUJEXP (VFIN) SEMED-COG SENTINDO QUALIF], respectivamente. A construção intensiva de atribuição implícita (Larissa tá se achando) herda diferentes propriedades da construção reflexiva de atribuição explícita (Pedro tá se achando o gostosão) a partir de um link de subparte, como sua forma e os atributos positivo e (+) intensivo, expressando um sujeito que pensa ou sente algo muito positivo em relação a si próprio. Sua forma pode ser notada como [SUJEXP (VFIN) SE ACHANDO]. Havendo expansão da classe hospedeira da construção intensiva de atribuição implícita, seu uso passa a ser licenciado também com o verbo sentir, gerando casos como Carlos tá se sentindo, cuja representação formal é [SUJEXP (VFIN) SE SENTINDO]. Por sua vez, a construção intensiva de atribuição transitiva (Enzo veio todo se querendo), formalmente representada como [SUJEXP (VFIN) SE QUERENDO], por analogia de forma herda as características (+) intensivo e positivo das construções intensivas de atribuição implícita, estando as três ligadas à forma [SUJEXP (VFIN) SE VGER]. A construção intensiva de atribuição transitiva se diferencia por semanticamente remeter à conotação sexual.


Palavras-chave: funcionalismo; gramática de construções; construções idiomáticas; achar; sentir; querer.

Categorias: Dissertações
Autor: Débora Cristina Ribeiro dos Santos