Orientador: Prof(a). Dr(a). Marcelo Alexandre Silva Lopes de Melo
Páginas: 78
Resumo
A presente pesquisa buscou investigar a relação entre o processo de aprendizagem do código da escrita e o conhecimento linguístico – no nível sonoro – dos falantes. Melo e Silva (2022) observaram, em um experimento de subtração de fones com palavras e pseudopalavras, similar aos experimentos aplicados por Morais et al (1979) e Read et al (1986), que quanto maior o contato de um falante com o código da escrita alfabética, melhor seria o seu desempenho em tarefas de manipulação de sons em palavras e pseudopalavras. Entretanto, ao analisar os resultados, Melo e Silva (2022) perceberam que, apesar de terem como tarefa a retirada do primeiro fone, os falantes, em grande parte, retiravam a primeira sílaba, o que levou à investigação da resposta da seguinte pergunta: “qual unidade gramatical seria relevante para a consciência linguística?” (Cristófaro-Silva, 2013, p. 319). Cristófaro-Silva e Guimarães (2013) sugerem que fala e escrita se implicam mutuamente, estando as duas modalidades em constante interação na construção da representação mental e, consequentemente, na emergência e consolidação da consciência linguística. A fim de investigar a relação entre a aprendizagem do código da escrita e o conhecimento linguístico dos falantes, um experimento com quatro tarefas de segmentação de palavras com a metodologia semelhante à de Morais et al (1979) foi aplicado a estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA) com diferentes graus de contato com o código da escrita. Para análise dos resultados, foram adotados os pressupostos dos Modelos Baseados no Uso, segundo os quais as experiências dos falantes têm impacto na construção do conhecimento linguístico. Os resultados encontrados conversam com a hipótese inicial, pois os falantes com um maior contato com o código da escrita obtiveram melhores desempenhos nas tarefas que foram aplicadas. Os dados encontrados conversam com o dito por Soares (2022), segundo a qual a consciência silábica é mais fácil de ser adquirida pois, enquanto as sílabas podem ser produzidas de forma isolada, as representações mentais dos sons não são pronunciáveis, já que estes representam formas linguísticas abstratas. Assim, um maior domínio do código da escrita possibilita não apenas a habilidade de segmentar palavras, como também a consolidação – e robustez – da consciência linguística. Por fim, os dados referentes ao grupo de menor contato com o código da escrita levam a um caminho distinto:a gradação da emergência dessa consciência pode se dar de forma diferente. A análise deste grupo trouxe a visão de que a primeira relação seria entre som e letra, que vai de encontro à hipótese inicial do trabalho, além da literatura sobre o tema em si.
Palavras-chave: Alfabetização; consciência fonológica; consciência silábica; consciência fonêmica, Modelos Baseados no Uso.