Variação do plural de nomes do PB terminados em ditongo oral decrescente (Vï): uma abordagem no modelo de exemplares

Título: Variação do plural de nomes do PB terminados em ditongo oral decrescente (Vï): uma abordagem no modelo de exemplares
Orientador: Prof(a). Dr(a). Christina Abreu Gomes.
Páginas: 98

Resumo

Este trabalho versa sobre variação de formas de plural em palavras terminadas, no singular, em ditongo oral decrescente (Vw). A pesquisa realizada tem por base estudos do Modelo de Redes e dos Modelos de Exemplares (Bybee, 1995, 2010; Silva; Gomes, 2020), o qual postula que todas as palavras são armazenadas no léxico do falante e os padrões morfológicos emergem a partir de uma rede organizada de relações lexicais. Estudos sobre o PB (Huback, 2007; Gomes e Manoel, 2010; Severino, 2013) mostraram que na alternância de formas existe o efeito de frequência do tipo de plural e da frequência do item no plural no condicionamento da variação, assim como a escolaridade do falante. Ao passo que Becker et al. (2011) e Nevins (2012), a partir de uma abordagem formal, propõem motivações estruturais relativas ao tamanho da palavra e à vogal núcleo do ditongo, que condicionariam essa alternância. O trabalho também investigará a hipótese levantada por Gomes e Manoel (2010), segundo a qual, considerando que os falantes utilizam os mesmos mecanismos cognitivos de inferência de padrões morfológicos no léxico (Modelos Baseados no Uso), a inferência resultante poderá não ser a mesma para todos os falantes, devido a questões sociolinguísticas. Coloca-se, portanto, as seguintes questões: todos os falantes fazem exatamente o mesmo tipo de inferências, isto é, independentemente da experiência com a língua do indivíduo todos terão sempre a mesma base de léxico para fazer a mesma inferência na mesma direção? A variabilidade atestada na produção espontânea dos falantes é resultante: da competição entre padrões morfológicos emergentes da organização do léxico em redes ou é um processo de mapeamento da forma subjacente gerando uma forma superficial em função da característica fonológica dos itens lexicais? Para atingir os objetivos, o trabalho contou com um experimento de produção elicitada com pseudopalavras e de palavras do PB, além da coleta de dados que compõem a Amostra Aleatória, esses dados de produção espontânea, coletados de forma aleatória – observações assistemáticas (Labov, 2008:246), são utilizados para avançar a discussão em torno do papel da frequência de ocorrência do item lexical e frequência de tipo do plural para explicar a variabilidade encontrada na produção de falantes do PB. Assim, este trabalho apresenta evidências da preponderância do papel da frequência de tipo e da escolaridade do falante sobre aspectos formais, como tamanho do item lexical e vogal núcleo do ditongo, posição divergente da de Becker et al. (2017). Além disso, o trabalho apresenta uma reflexão sobre a importância da coleta aleatória de dados na situação em que uma das variantes tem baixa frequência de ocorrência na fala espontânea. Os dados obtidos nesta coleta permitiram expandir a compreensão do processo de analogia que caracteriza a variação em questão. Os dados analisados sugerem que a alternância de formas de plural de palavras terminadas no singular em ditongo oral decrescente se baseia em inferências probabilísticas sobre as formas de plural representadas no léxico em redes. No entanto, há mais de uma direcionalidade observada – generalização da forma irregular, mais frequente no PB para itens terminados em ditongo oral decrescente, e generalização da forma regular, menos frequente para estes itens, porém mais frequente no léxico, analisadas em função de características identificadas dos falantes como grau de escolaridade, idade e situação discursiva (grau de formalidade, modalidade etc).

Palavras-chave:Variação; Plurais; Frequência.

 

Abstract

This work deals with the variation of plural forms in finished words, in the singular, in descending oral diphthong (Vw). The research is based on studies of the Network Model and the Exemplar Models (Bybee, 1995, 2010; Silva; Gomes, 2020), which postulates that all words are stored in the speaker’s lexicon and morphological patterns emerge from an organized network of lexical relationships. Studies on BP (Huback, 2007; Gomes and Manoel, 2010; Severino, 2013) showed that in the alternation of forms there is the frequency effect of the type of plural and the frequency of the item in the plural in the conditioning of the variation, as well as the schooling of the speaker. Whereas Becker et al. (2011) and Nevins (2012), from a formal approach, propose structural motivations related to the size of the word and the core vowel of the diphthong, which would condition this alternation. The study will also investigate the hypothesis raised by Gomes and Manoel (2010), according to which, considering that the speakers use the same cognitive mechanisms of inference of morphological patterns in the lexicon (Usage-Based Models), the resulting inference may not be the same for all speakers, due to sociolinguistic issues. Therefore, the following questions arise: do all speakers make exactly the same kind of inferences, that is, regardless of the experience with the individual’s language, everyone will always have the same lexicon basis to make the same inference in the same direction? The variability attested in the spontaneous production of the speakers is the result: of the competition between morphological patterns emerging from the organization of the lexicon in networks or is it a process of mapping the underlying form generating a superficial form due to the phonological characteristic of lexical items? To achieve the objectives, the work had an experiment of production eillicit with pseudowords and words of PB, in addition to the collection of data that make up the Random Sample, these data of spontaneous production, collected randomly – unsystematic observations (Labov, 2008:246), are used to advance the discussion around the role of the frequency of occurrence of the lexical item and frequency of plural type to explain the variability found in the production of PB speakers. Thus, this paper presents evidence of the preponderance of the role of the type frequency and the education of the speaker on formal aspects, such as lexical item size and núcleo vowel of the diphthong, a position diverging from that of Becker et al. (2017). In addition, the paper presents a reflection on the importance of random data collection in the situation in which one of the variants has a low frequency of occurrence in spontaneous speech. The data obtained in this collection allowed to expand the understanding of the analogy process that characterizes the variation in question. The analyzed data suggest that the alternation of plural forms of words ending in the singular in descending oral diphthong is based on probabilistic inferences about the plural forms represented in the lexicon in networks. However, there is more than one directionality observed – generalization of the irregular shape, more frequent in BP for items finished in decreasing oral diphthong, and generalization of the regular form, less frequent for these items, but more frequent in the lexicon, analyzed according to identified characteristics of the speakers such as educational level, age and discursive situation (degree of formality, modality, etc.).

Keywords:Variation, Plurals, Frequency.

Categorias: Dissertações
Autor: Thiago Lucius Alvarez Amaral