Título: Cinema e Neoliberalismo – uma análise discursiva da saga Blade Runner
Orientador: Prof(a). Dr(a). Tania Conceição Clemente de Souza
Páginas: 126
Resumo
Nesta dissertação, propomos a análise de duas obras cinematográficas, “Blade Runner – O caçador de androides” (Ridley Scott, 1982) e “Blade Runner 2049” (Denis Villeneuve, 2017), seguindo os pressupostos teóricos da Análise do Discurso, da Escola Francesa, fundada por Michel Pêcheux nos anos 1960, no âmbito da intertextualidade e da interdiscursividade do não verbal, para mostrar, a partir de uma dada posição política em uma conjuntura histórica determinada, a materialização discursiva de uma “nova” ideologia, o neoliberalismo, que se impõe dominantemente no mundo globalizado. Para que atingíssemos estes objetivos, seguimos as orientações propostas por Souza (1995) que levam em conta o conceito de policromia, formulado pela autora, o qual parte da noção de cromolitografia, cuja técnica de estampar figuras coloridas em relevo nos leva a considerar o jogo de cor, luz, sombra etc. Tais elementos, considerados operadores discursivos não verbais, ainda segundo a Análise do Discurso, são os que nos permitem compreender a relação complexa entre as imagens – ao se interpretar a imagem, projetam-se outras imagens, cuja materialidade não é da ordem da visibilidade, mas do simbólico e do ideológico. Ao trabalhar a análise de textos não verbais, Souza propõe também o conceito de paráfrases visuais (SOUZA, 2018), com as quais podemos identificar a arquitetura do não verbal, outro conceito formulado por Souza (1995), com a qual se é possível trabalhar as dimensões vertical, ou seja, da ordem do interdiscurso, e horizontal, ou seja, da ordem do intradiscurso, e identificar como se produz a textualização do político no âmbito do não verbal.
Palavras-chave: Análise do Discurso, Discurso não verbal, Cinema, Neoliberalismo, Policromia, Arquitetura do não verbal
Abstract
Dans ce travail, nous proposons d’analyser deux œuvres cinématographiques, « Blade Runner » (Ridley Scott, 1982) et « Blade Runner 2049 » (Denis Villeneuve, 2017), sous le domaine de l’intertextualité et de l’interdiscursivité du non-verbal, selon la perspective de l’Analyse du Discours, celle de l’École Française, fondée par Michel Pêcheux dans les années 1960, pour faire voir, à partir d’une position politique donnée dans une conjoncture historique déterminée, la matérialisation discursive d’une « nouvelle » idéologie, le néolibéralisme, qui s’impose dans un monde globalisé. C’est dans ce cadre que nous avons décidé de suivre les orientations proposées par Souza (1995), lesquelles prennent en considération le concept de « policromia », formulé par l’auteur elle-même, lequel est issu de la notion de chromolithographie à l’égard des enjeux de couleur, de lumière, de l’ombre, etc. Ce sont ces éléments, considérés comme des embrayeurs non- verbaux, toujours sous le point de vue de l’Analyse du Discours, qui nous rendront possible d’envisager l’architecture du non-verbal, un autre concept toujours chez Souza, dont le but c’est de travailler les dimensions verticale, soit de l’ordre de l’interdiscours, et horizontale, soit de l’ordre de l’intradiscours, pour qu’on puisse identifier la façon en laquelle se produit la textualisation du politique dans le domaine du non-verbal.
Keywords: Analyse du Discours, Cinéma, Néolibéralisme, « Policromia », Architecture du no-verbal.