Título: Para um estudo das construções estativas no PB
Orientador:Alessandro Boechat de Medeiros
Páginas: 57
De acordo com a literatura (WASOW, 1977; DUBINSKY; SIMANGO, 1996), há dois tipos diferentes de passivas: a passiva verbal, que exprime um evento, por esse motivo é conhecida como passiva eventiva (como, por exemplo, A porta foi aberta(pelo João)); e a adjetiva, que denota um estado, por isso é chamada de passiva estativa (como, por exemplo, A porta está aberta (*pelo João)). As duas principais diferenças entre elas são que a primeira não só admite a introdução de um by-phrase, como também só permite o uso do auxiliar ser, que irá fornecer a noção de tempo e aspecto; já a segunda normalmente não admite a adjunção de by-phrase e, além disso, pode não só ocorrer com verbos cópulas, como também com verbos de ligação. Porém, apesar de parecer uma classe homogênea, as passivas estativas, de acordo com Kratzer (2000), podem ser separadas em pelo menos dois grupos: as passivas adjetivas de estado alvo, que descrevem um estado reversível não necessariamente decorrente de um evento (ex.: Os caramelos estão escondidos), e as passivas adjetivas de estado resultante, que descrevem um estado necessariamente decorrente de um evento e é irreversível (ex.: O teorema está provado). Kratzer, que se baseia na distinção feita por Parson (1990), propõe que as passivas de estado alvo, por denotarem estados reversíveis, transitórios, aceitam o uso de still (ainda) no inglês e de immernoch no alemão; enquanto as passivas adjetivas de estado resultante, por denotarem um estado de um evento descrito pelo verbo de base ter culminado – e que, portanto, não podem ser revertidos –, não aceitam a adjunção do advérbio still / immernoch.
Em função desta diferença, ela sugere duas construções distintas para os particípios adjetivos. O objetivo deste trabalho é mostrar que além da distinção feita entre passivas de estado resultante e de estado alvo, esses grupos não são homogêneos, pois algumas construções permitem o uso de um by-phrase. Em função disso, iremos, baseando-nos em Alexidou e Anagnostopoulou (2008), sugerir uma estrutura para as construções estativas com by-phrase. Para o desenvolvimento deste trabalho adotaremos como linha teórica a Morfologia Distribuída (MARANTZ, 1997), uma vertente da Gramática Gerativa que defende que o mesmo mecanismo que gera sentenças (a sintaxe) também gera palavras.