Título: Aspectos Discursivos de Sintagmas Nominais Complexos em Crônicas Jornalísticas
Orientadora: Vera Lucia Paredes Silva
Páginas: 86
Linha de pesquisa:Modelos Funcionais Baseados no Uso
Esta dissertação busca compreender os papeis que as formas linguísticas, particularmente os sintagmas nominais, assumem na constituição da crônica jornalística enquanto gênero textual. O corpus é formado por dezenove crônicas publicadas em um periódico de grande circulação do Rio de Janeiro, o jornal O Globo. Um gênero textual desempenha uma função específica na comunicação. No caso da crônica, entendemos que sua função no domínio jornalístico é entreter o leitor e estimular a reflexão sobre um assunto qualquer. A perspectiva de gênero adotada baseia-se em Bakhtin, que destaca três componentes principais dos gêneros: conteúdo temático, organização composicional e estilo.
Os sintagmas nominais complexos (SNs complexos) são definidos como uma categoria sintática cujo núcleo é um nome, ao qual estão ligadas pelo menos duas palavras de classes diferentes ou um encaixe. Estes SNs são analisados de acordo com alguns critérios, formais e funcionais: função sintática, número de constituintes, número de encaixes, status informacional e natureza semântico-pragmática do núcleo. A análise dos SNs complexos segundo estes critérios nos ajuda a compreender melhor os seus usos no gênero crônica jornalística.
Contabilizados todos os SNs (complexos e não complexos), os resultados mostram que, nos textos estudados, há predominância de SNs com menos de três itens lexicais, com um ou nenhum encaixe e com núcleo de natureza semântico-pragmática não relacional. Chama atenção o alto número de referentes novos (50%) sobretudo na função de sujeito (40%) quando a literatura aponta que, nesta função, tendem a ocorrer referentes velhos. é de se esperar que nesta função apareçam em número reduzido. Também se verificou baixa ocorrência de nominalizações (15%), o que representa um percentual baixo, se comparado com outros gêneros da escrita jornalística (XIMENES, 2013). Verificou-se, portanto, que, na crônica, a nominalização não é um recurso muito usado. Estes aspectos possibilitam uma explicação linguisticamente fundamentada para a informalidade e a leveza que os teóricos atribuem ao estilo da crônica: as estruturas mais simples e referências mais concretas seriam recursos estilísticos para a produção de textos mais leves e informais.