Aquisição de orações relativas no Português Brasileiro

Título: Aquisição de orações relativas no Português Brasileiro
Orientadora: Christina Abreu Gomes
Páginas: 120

Linha de pesquisa: Variação e Mudança Linguística

Este trabalho versa sobre a aquisição de orações relativas em crianças em idade pré-escolar. A pesquisa realizada tem por base estudos sobre a fala carioca assim como trabalhos que enfocam a língua portuguesa em sua variedade portuguesa e brasileira.
Estes estudos revelam que as estruturas relativas são estruturas variáveis juntamente com o fato de estarem passando por um processo de mudança (Tarallo, 1993 e Mollica, 2003). Baseia-se também em estudos de Diesel (2009) e Diesel & Tomasello (2000, 2005) que revelam que a frequência e similaridade estrutural são informações essenciais para aquisição destas estruturas, fornecendo também a base metodológica para a elaboração de um experimento de produção induzida. Poucos são os estudos sobre aquisição de relativas no português brasileiro, por isso, a presente dissertação pretendeu investigar a emergência destas estruturas na produção espontânea, em crianças de 1 ano e 11 meses a 5 anos, e controlada, em crianças entre quatro e sete anos. Além disso, a produção espontânea de adultos é também contabilizada a fim de observar os efeitos da frequência do input na aquisição. Os resultados deste estudo demonstram não só que o comportamento das crianças reproduz as tendências da língua já observadas por Tarallo (1993) e Mollica (1977, 1981 e 2003) sobre o uso de relativas no Português do Brasil, mas também o fato de que a frequência e similaridade das estruturas no input interferem no processo de aquisição. Os resultados indicaram que as primeiras relativas produzidas pelas crianças tendem a ser proposicionalmente simples e que na idade de 5 anos ainda é uma estrutura pouco produtiva na fala das crianças. A distribuição das variantes e dos locais de extração na amostra infantil reflete a distribuição observada entre os adultos. No teste de produção controlada, as variáveis idade, variante do estímulo e local de extração se mostraram significativas para explicar o desempenho das crianças. As crianças apresentaram maiores índices de acuracidade para as relativas padrão (ou básicas) de sujeito e objeto direto. Já para as posições preposicionadas, a variante cortadora foi a que teve níveis mais altos de acuracidade. Esse comportamento é indicativo de que similaridade estrutural e distribuição de frequência de tipo do input influenciam na aquisição, assim como também é reflexo da direcionalidade da mudança observada para o português brasileiro.

Categorias: Dissertações
Autor: Ana Cristina Baptista de Abreu