A interpretação aspectual do morfema -ed por falantes brasileiros aprendendo inglês como L2

Título:A interpretação aspectual do morfema -ed por falantes brasileiros aprendendo inglês como L2
Orientador: Celso Novaes
Páginas: 106

Linha de pesquisa:Gramática na Teoria Gerativa

Este trabalho tem por objetivo verificar se há transferência do padrão de realização morfológica das propriedades aspectuais do português do Brasil (PB) L1 para o inglês L2 pelos aprendizes, em especial quanto à marcação do imperfectivo habitual no passado.
Para isso, foram selecionados quarenta (40) indivíduos, sendo: dez (10) nativos do inglês dos EUA, dez (10) nativos do PB (que constituíam os grupos de controle) e vinte (20) nativos do PB aprendendo inglês como L2 (que constituíam o grupo testado). Dois tipos de dados foram coletados dos grupos de nativos: através de transcrições de gravação de fala espontânea e de resultados de teste de produção escrita. Com a gravação de fala espontânea, o objetivo era identificar qual é a preferência dos nativos do PB e do inglês para expressar a distinção perfectivo/imperfectivo habitual no passado em contexto. Já o teste de produção escrita era composto de trinta e seis (36) sentenças, sendo cada uma delas composta de um sujeito, uma lacuna, um complemento e um verbo no infinitivo entre parênteses. As sentenças-alvo possuíam marcações adverbiais que ensejavam uma leitura ora perfectiva, ora imperfectiva habitual, sempre remetendo ao passado. Aos nativos do PB, foi aplicada a versão em PB do teste, e aos nativos do inglês, a versão em inglês. A tarefa dos informantes era a de completar a sentença com o verbo indicado no tempo verbal que lhes parecesse mais natural. Para os aprendizes brasileiros de inglês como L2, foram coletados apenas os dados do teste de produção, em sua versão em inglês. Os aprendizes também deveriam traduzir todas as sentenças para o PB.
Com base nos resultados, pode-se concluir que: a) os aprendizes brasileiros de inglês L2 parecem ter adquirido o morfema -ED, b) os aprendizes brasileiros de inglês L2 são capazes de associar o morfema -ed ao traço de imperfectividade, c) em contraste com os falantes nativos do inglês, os aprendizes usam, frequentemente, a estrutura used to para expressar o imperfectivo habitual no passado. Dessa forma, parece haver transferência das preferências de marcação morfológica do PB L1 para o inglês L2, uma vez que os brasileiros aprendendo inglês L2 usam frequentemente duas marcações morfológicas diferentes para expressar a distinção entre perfectivo e imperfectivo habitual no passado, em contraste aos nativos do inglês, que preferem usar o morfema -ed para expressar ambos os aspectos.

Categorias: Dissertações
Autor: Letícia Teixeira Sampaio