Título: Quando a percepção chega às consoantes: estágio dois no desenvolvimento linguístico
Orientador: Aniela Improta França e Aline da Rocha
Páginas: 113
Quando um bebê começa a falar, por volta dos 12 meses, evidencia-se um output linguístico que é ainda bem limitado pela própria condição motora do bebê. Como observadores, perdemos então as fases encobertas do Mecanismo de Aquisição de Linguagem (Language Acquisition Device – LAD) que prepara a circuitaria que dá suporte à fala. O problema é: como monitorar a aquisição de linguagem na mente de um bebê que ainda não fala? Este trabalho retrata o uso de duas técnicas de monitoração próprias para o período pré-fala, correspondendo à primeira e à segunda fases do experimento. A primeira delas é o chupetógrafo, que registra a frequência e a intensidade da sucção de bebês. Sabe-se que nos bebês há uma ligação fisiológica entre a sucção e a atenção. Trata-se da sucção não-nutritiva (SNN), que pode manifestar-se pela simples presença da chupeta ou mesmo espontaneamente. Na SNN há aumento no ritmo e no volume de sucção proporcionalmente ao nível de interesse e foco que o bebê dispensa a dado estímulo. Desta forma, buscou-se desenvolver um aparelho que pode registrar com precisão a sucção em seus aspectos de frequência por segundo e pressão, de forma que esses dados possam ser relacionados à estimulação linguística. A segunda técnica utilizada foi a monitoração do olhar de bebês para objetos que ele reconhece ou não. Os testes foram feitos com bebês de 3, 4, 5 e 6 meses, e os estímulos eram palavras e não-palavras que designam objetos concretos mostrados para os bebês durante a primeira fase do experimento e depois reconhecidos pelos bebês durante a segunda fase. Verificou-se que a computação de arbitrariedade saussureana é mais operante nos bebês mais novos do que nos mais velhos. Interpretou-se esse decréscimo como a entrada dos bebês mais velhos em uma fase sintática de aquisição de linguagem em que há reinterpretação