Os sistemas vocálicos do português brasileiro e do inglês norte-americano: um estudo acústico

Título:Os sistemas vocálicos do português brasileiro e do inglês norte-americano: um estudo acústico
Orientador:Myrian Azevedo de Freitas
Páginas:
 200

Este trabalho objetiva descrever semelhanças e diferenças entre os sistemas vocálicos do GenAm (ou IAG) e do PB-RJ, analisando seus elementos não só segundo suas características acústicas absolutas, mas também segundo as relações que cada elemento desempenha para com os outros em sistema. Para tanto, analisar-se-ão os quatro primeiros formantes, a freqüência fundamental, a duração e a intensidade. Pelos primeiro e segundo formantes, concentrações de energia acústica que refletem a vibração do ar pulmonar num determinado formato assumido pela cavidade oral é, geralmente, possível se distinguirem as vogais em português e em inglês: F1 – dimensão vertical (alta – média – baixa) e F2 – dimensão horizontal (anterior – central – posterior). Estudos de Ladefoged & Broadbent 1957 e Ladefoged 1989, provam que as vogais têm uma natureza relacional em sua dispersão pelo espaço acústico. Isto se deu pela constatação de que sons que ocupam um lugar similar no padrão geral de um determinado sistema no Espaço Acústico Vocálico (EAV), mesmo com freqüências absolutas diferentes, eram compreendidas como uma mesma vogal. As vogais se dispõem, portanto, pelo espaço acústico, de maneira a se relacionarem umas com as outras. Nem se percebem isoladamente, nem estão categórica ou pontualmente dispostas interlingüística ou interdialetalmente. Embora na prática de ensino de inglês a brasileiros, certas vogais sejam assumidas como idênticas a vogais do português em sua produção, observando Liljencrants & Lindblom 1972, Lindblom 1986, Ladefoged & Broadbent 1957, Ladefoged 1989 e Baptista 2000, partimos da hipótese de que isto não se comprova nem do ponto de vista dos valores absolutos – há diferenças interpessoais, interdialetais, etc., nem do ponto de vista relacional – são diferentes as relações desempenhadas pelos itens dos dois sistemas. O corpus compõe-se de uma lista de palavras, em contexto [‘hVd], para cada idioma. Foram gravados 20 informantes norte-americanos e 20 informantes brasileiros, dos quais metade era de homens, e a outra metade, de mulheres. As características acústicas tomadas de cada palavra foram as freqüências dos 4 primeiros formantes, a freqüência fundamental, a intensidade e a duração. Com os dados obtidos, compararam-se as características acústicas das vogais das duas línguas estudadas para comprovar a existência de dois sistemas diferentes, cujas relações intervocálicas eram diferentes em cada um deles. O fato de as vogais serem percebidas de forma relacional demanda um modelo que explique sua aquisição pelo falante não em termos de valores absolutos, mas traduzindo as relações de dispersão vocálica que mantêm no sistema em questão. Por esta razão, este trabalho visa a investigar as relações que as vogais do português e as do inglês mantêm entre si nas variedades escolhidas, para que se possa compreender mais acerca da aquisição fonológica de inglês como LE por falantes cariocas. Espera-se, assim, contribuir para metodologias mais adequadas ao ensino de pronúncia das vogais de uma LE.

Categorias: Dissertações
Autor: Leandro Santos Abrantes