Título: Aspectos da fonologia xavante e questões relacionadas: rinoglotofilia e nasalidade
Orientadora: Marília Facó
Páginas: 501
Linha de pesquisa: Língua e Sociedade
Os Xavante, povo do grupo Akwen, somam hoje mais de 15.300 indígenas e habitam o nordeste do estado do Mato Grosso. São os principais representantes do ramo central da família Jê, do tronco linguístico Macro-Jê. Em uma análise inicial da fonologia da língua Xavante (Quintino, 2000), por meio dos dados com que contávamos até então, pudemos observar a ocorrência de alguns processos fonológicos que reinterpretamos a partir de novos dados surgidos durante a pesquisa. No âmbito da sílaba, observamos que, especificamente no domínio da Coda, existe uma restrição que proíbe a ocorrência de qualquer estrutura que não seja um dos segmentos: [p], [b] e [m], que ocorrem de forma condicionada neste ambiente, além da palatal [j]. A harmonia nasal é um dos fenômenos fonológicos mais recorrentes nas línguas do mundo. A fonologia gerativa padrão caracterizava esse tipo de assimilação em termos de cópia de traços, de forma que um segmento copiasse as especificações de traço de um segmento vizinho. Pretendemos nesta pesquisa, a partir da descrição inicial dos segmentos que ocupam posição de Onset e Coda, discutir as origens da nasalidade em Xavante a partir da ocorrência de regras de assimilação ou espalhamento como caracterizadas pela Geometria de Traços. Pretendemos também discutir a estreita relação entre o traço de nasalidade e glotalidade, rinoglotofilia, nos termos de Matisoff (1975) e o comportamento do traço [nasal] na língua Xavante. Re-analisamos, para tanto, o status fonológico dos segmentos consonantais nasalizados e dos segmentos vocálicos nasais em Xavante, bem como as restrições estruturais da sílaba nesta língua. Por fim, argumentamos que o comportamento da Coda em Xavante sugeriu uma relação muito mais íntima entre a articulação glotal e o traço de nasalidade – articulação que se mostra intrigantemente produtiva nessa língua e sobre a qual empreendemos uma investigação mais atenta nesta tese.
PALAVRAS-CHAVE: Contato Dialetal. Variação Lingüística. Mudança em Progresso.