Corpo Surdo:na língua, na corporeidade e na história, os sentidos.

Título:Corpo Surdo:na língua, na corporeidade e na história, os sentidos.
Orientadora: Tânia Clemente de Souza
Páginas: 180

Linha de pesquisa:Estudo das Línguas Indígenas Brasileiras

Em sociedades de “visibilidade”, muitas são as formas de discursividade também desenvolvidas e geradas por sujeitos Surdos usuários de língua visuo-gestual, cuja corporeidade, extraem-se inesgotáveis significados. As experiências visuais não se restringem à capacidade de produção e compreensão linguística, entretanto, é na formulação do discurso que a linguagem ganha vida, que a memória se atualiza, que os sentidos se decidem, e que os sujeitos Surdos desnudam seus corpos e sua carne, em gestos simbólicos de interpretação que denunciam o pertencimento ao mundo da visibilidade. A concepção de Gestos de Leitura nos permite falar de leitura, de interpretação de significados, a partir dos seus corpos discursivos e da sua língua, no intuito de tentar compreender e interpretar os simbolismos que se traduzem em sentidos. Dessa forma, a pesquisa em questão, sob a perspectiva histórico-ideológica da Análise do Discurso, objetiva posicionar o corpo como o principal vetor linguístico das sociedades de visibilidade surdas, cujas marcas identitárias são asseguradas pelo contexto discursivo das línguas sinalizadas. Com base nesse pressuposto, discute-se, igualmente, o papel do Corpo em sua relevância linguística, importando ser debatida sua caracterização como um lócus comunicacional que não somente opera com foco de expressão através da linguagem, como também com a capacidade de espocar línguas sinalizadas, cujas propriedades gramaticais são, indiscutivelmente, por ele acionadas. Para tal, este estudo aporta sua análise em um corpus constituído por filmagens de línguas de sinais (em Libras) cujo discurso se investe de sentidos, porque deriva de um jogo definido pela formação ideológica dominante dos sujeitos Surdos em determinados contextos. As imagens, portanto, se traduzem em texto porque significam; organizam a relação da língua com a história, proporcionando gestos de leitura que permitem interpretar os aspectos linguísticos investidos em memória, em sua espessura semântica, em seus simbolismos e em seus corpos. Configuram, portanto, verdadeiras “peças de arquivo”, pois se investem de inesgotáveis possibilidades interpretativas, cuja materialidade linguístico-histórica revela as condições contextuais de produção que, inegavelmente são afetadas pela ideologia dos seus produtores Surdos e por diferentes formações discursivas.

Categorias: Teses
Autor: Gláucia dos Santos Vianna