Mente de Antigamente.

Título:Mente de Antigamente.
Orientadora: Maria Maura Cezario
Páginas: 182

Linha de pesquisa:Estudo das Línguas Indígenas Brasileiras

O presente trabalho tem por objetivo investigar os possíveis conjuntos de fatores que podem motivar as diferentes posições dos advérbios com sufixo –mente (construção Xmente) com valor temporal ou aspectual (como frequentemente continuamente e atualmente) em diferentes sincronias do português escrito(do século XVI ao século XX), bem como analisar a possível trajetória de mudança semântica das mesmas construções. Utilizamos os pressupostos teóricos da Linguística Centrada no Uso ou Linguística Funcional Centrada no Uso, na qual, tendo em vista que a linguagem é um instrumento de interação social, se considera que a investigação linguística está além da estrutura gramatical, contemplando as motivações para os fatos da língua no contexto discursivo. Propomos nossa tese a respeito da construção estudada com base em duas premissas: (i) advérbios de aspecto (e os polissêmicos) passaram a ocupar as posições imediatas ao verbo ao longo dos séculos, principalmente a pós-verbal, acompanhando a mudança geral e fixação de ordem vocabular, assim como os advérbios qualitativos (cf. Martelotta, 2004; Moraes Pinto, 2008; Vlcek, 2010), por terem natureza semelhante. Já os advérbios de tempo, por serem periféricos à estrutura da cláusula, são mais livres na ordenação, pois se relacionam ao evento como um todo, portanto, esperamos um aumento do número de advérbios em posição marginal; (ii) a construção Xmente perdeu analisabilidade, mas ainda é parcialmente composicional. Mente não pode mais ser recuperado como o substantivo, mas a construção ainda mantém as propriedades semântico-morfológicas da base adjetival. Se a base é monossêmica, o advérbio também será. Os advérbios de base polissêmica são mais propensos à mudança do que aqueles considerados monossêmicos.

Categorias: Teses
Autor: Julia Oliveira Costa Nunes