Título:POVOS E LÍNGUAS INDÍGENAS NO MARANHÃO: CONTATO LINGUÍSTICO
Orientadora: Marília Lopes da Costa Facó Soares
Páginas: 273
Linha de pesquisa:Estudo das Línguas Indígenas Brasileiras
Tendo como lócus de pesquisa a cidade de Barra do Corda, no Estado do Maranhão, o presente trabalho insere-se no campo dos estudos sobre contato linguístico, em interface com a descrição de línguas indígenas, sobretudo no que diz respeito a traços fonológicos e morfológicos apoiados em itens e/ou elementos de origem indígena. Agrega também uma abordagem de topônimos e a presença de vocabulário de origem indígena na fala de maranhenses cuja língua materna é o português. E resulta de um projeto de pesquisa que, refletido na tese de doutorado aqui apresentada, inclui aspectosdo português falado por indígena e não indígena. A pesquisa realizada tem, entre seus resultados, a admissão de que os informantes entrevistados exibem usos linguísticos reveladores de um processo de mudança, com maior incidência para os falantes indígenas. Os resultados obtidos são cotejados com fenômenos estudados por outros pesquisadores em outros lugares do Brasil, verificando-se que o português, falado como segunda língua por indígenas em Barra do Corda contém processos observáveis em outros lugares do país – o que revela serem esses processos de natureza muito mais abrangente e já envolverem falantes de português como primeira língua fora de uma situação de contato com línguas diferentes (o que não exclui o contato entre variedades do próprio português , mas aponta para fenômenos passíveis de serem atribuídos a mecanismos internos à própria língua, independentemente do contato linguístico). O confronto de resultados deixa igualmente claro que, entre os indígenas no Maranhão, os Guajajara são os que mais se aproximam da variedade linguística do portuguêsque contém os processos identificados. E que são os Kanela a estar mais afastados dessa variedade, já que revelam, ao tentar falar português como segunda língua, traços de sua própria língua materna – o que significa que, como estratégias para a aquisição de uma segunda língua ( no caso o português do Brasil), lançam mão de material e regras/restrições existentes em sua própria língua materna. Quanto aos campos mais fortemente estruturados de uma língua (ou variedade linguística) menos prestigiada, em situação de contato linguístico, os resultados iniciais apontam para a fonologia da língua Kanela (família Jê, tronco Macro-Jê) como um campo mais fortemente estruturado do que a fonologia do Guajajara (família Tupi-Guarani, tronco Tupi).